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Floresta. Gestão sustentável pode impactar economia em 500 milhões anuais

A gestão ativa sustentável da floresta portuguesa, que absorve cerca de 4% das emissões de dióxido de carbono, pode ter um impacto anual de mais de 500 milhões de euros na economia, conclui um estudo da Boston Consulting Group.

Floresta. Gestão sustentável pode impactar economia em 500 milhões anuais
Notícias ao Minuto

16:06 - 16/02/23 por Lusa

País Floresta

O estudo, apresentado hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a que a Lusa teve acesso, revela que a "rápida atuação" na definição e concretização de uma visão para uma floresta portuguesa "mais produtiva e sustentável" poderá ter um impacto de mais de 500 milhões de euros por ano na economia nacional e gerar mais de 16.500 postos de trabalho.

Simultaneamente, a atuação e o compromisso das entidades públicas e privadas poderão aumentar a absorção de dióxido de carbono (CO2) em 200 quilotoneladas por ano, indica o estudo da Boston Consulting Group (BCG), intitulado "Perspetivas para a valorização da Floresta Portuguesa".

Segundo a consultora, caso não se assista ao reforço da "governança dos recurso florestais" e de incentivos que mobilizem as instituições e os proprietários, "o círculo vicioso [da gestão atual] poderá gerar a libertação de mais de 50 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera em incêndios", bem como a perda de 12.500 postos de trabalho e de cerca de 350 milhões de euros do Produto Interno Bruto (PIB).

A floresta portuguesa, que ocupa 70% do território, absorve cerca de 4% das emissões de CO2 e gera, anualmente, um valor equivalente a cerca de quatro mil milhões de euros para a economia portuguesa.

No estudo, a consultora salienta que, apesar da aprovação dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal e de outras iniciativas, "existe ainda um vasto conjunto de ações necessárias por concretizar", entre as quais a "convergência entre os vários 'stakeholders'" quanto aos desafios e ambição a longo prazo.

O impacto da adaptação climática, o despovoamento e abandono das terras, e a estrutura desadequada da propriedade são os "três principais desafios na gestão" da floresta portuguesa apontados no estudo e que acarretam "três riscos sistémicos": a diminuição da área arborizada, a produtividade da área arborizada e o subaproveitamento e degradação do potencial económico florestal.

Os "riscos sistémicos" identificados, esclarece a consultora, resultam de "oito causas", entre as quais se destaca a questão de a floresta portuguesa ser "desproporcionadamente privada" (98%), de apenas 18% da área vulnerável estar cadastrada e de os processos de fiscalização serem "inexistentes ou ineficazes".

Para "evitar a degradação das condições de exploração" e potenciar o valor da floresta, o estudo diz ser urgente estruturar um "roteiro" de iniciativas com uma perspetiva de longo prazo.

Entre as medidas, a consultora sugere que se potenciem fontes de rendimento adicionais para os produtores, que os produtores sejam remunerados pelo "valor direto e indireto da floresta", que se estimule a indústria a expandir para produtos de maior valor com base na floresta e se desenvolva um sistema integrado e simplificado de incentivos e subsídios à floresta.

"É igualmente importante que sejam iniciativas que tenham continuidade, o que exige captar talento, alavancar a tecnologia no setor e melhorar a comunicação com a sociedade", destaca o estudo.

Citado no documento, Pedro Pereira, 'partner' da BCG, defende que a ambição para a floresta portuguesa "tem de passar por equilibrar os objetivos de produção e conservação".

"Se for reconhecida a importância estrutural da floresta e for construído um compromisso comum (público e privado) para o seu desenvolvimento sustentado, Portugal terá capacidade para definir uma estratégia concertada e mobilizar eficientemente os recursos que ela exige", acrescenta.

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