"Podiam ter feito mais" para centenário da travessia aérea do Atlântico

O Presidente da República defendeu hoje que academias e escolas "podiam ter feito mais" para assinalar o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico sul e condecorou com a Grã-Cruz da Ordem de Camões Sacadura Cabral e Gago Coutinho.

PR defende que academias "podiam ter feito mais" pelo centenário da travessia aérea do Atlântico

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Lusa
13/01/2023 14:27 ‧ 13/01/2023 por Lusa

País

Presidente da República

"As academias podiam ter feito mais, as escolas podiam ter feito mais, as autarquias fizeram o que puderam, associando-se um pouco por todo o país. A sociedade civil podia estar mais atenta. É verdade que alguma comunicação social fez eco deste centenário mas não apreendeu a importância real do centenário. E o agradecimento à Força Aérea e à Armada é muito sentido", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado discursava na cerimónia de encerramento das comemorações do centenário da primeira travessia aérea do Atlântico sul, que decorreu na Base Aérea N.º1, no concelho de Sintra, e contou com a presença dos chefes militares dos três ramos, da ministra da Defesa, Helena Carreiras, e do presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, entre outras entidades militares e civis.

Num breve discurso, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou as Forças Armadas, em particular a Força Aérea e a Marinha, por "terem sido o polo celebrador de uma efeméride nacional", agradecendo-lhes o seu "sentido histórico".

"Não tivessem sido as Forças Armadas portuguesas e esta efeméride teria passado quase insensível para os portugueses, o que mostra o papel fundamental das Forças Armadas portuguesas", enalteceu.

Marcelo salientou que "não houve comissão nacional a nível de Estado para esta efeméride e até instituições científicas que deviam ter registado a importância na ciência e tecnologia do feito de Sacadura Cabral e de Gago Coutinho não estiveram despertas o suficientemente para aquilo que se estava a celebrar".

Na ausência, "por razões de doença", de familiares de Sacadura Cabral e uma vez que Gago Coutinho não teve descendentes, o Presidente da República entregou nas mãos do chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo, as insígnias correspondentes "a uma ordem que não existia no momento em que eles atravessaram o Atlântico sul, que acabou de ser criada, a Ordem de Camões".

"Assim como Camões projetou Portugal no mundo, eles projetaram Portugal no mundo, pelo seu feito, pelo que significou do ponto de vista cultural, universalista, de avanços na ciência e na tecnologia, pois por isso entregarei as insígnias da Grã-Cruz da Ordem de Camões que é um reconhecimento da pátria portuguesa a estes dois filhos notáveis, notáveis no passado, notáveis no presente e notáveis para o futuro", rematou.

Marcelo salientou que há 100 anos, a travessia "quis celebrar precisamente um século sobre a independência do Brasil".

"No presente estamos a viver -- e vamos ter o exemplo disso na visita de Estado do Presidente brasileiro em abril a Portugal -- como que o prolongamento da celebração do bicentenário [da independência do Brasil] e, portanto, de alguma maneira do centenário que hoje aqui nos reúne. O que quer dizer que de alguma forma no presente se projeta a importância histórica do que se viveu há cem anos", afirmou.

Momentos antes, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general João Cartaxo Alves, enalteceu a "ousadia e arrojo" bem como "audácia e coragem" dos dois heróis.

"Ao recordarmos o feito destes dois marinheiros e aviadores estamos sobretudo a evocar a sua bravura e coragem aeronáutica, mas também uma grande aventura científica que revolucionou a aviação e que impressionou o mundo e que tornou possível e real um século de conquistas da aeronáutica e um futuro de possibilidades ilimitadas elevando bem alto o nome de Portugal", salientou.

No final da cerimónia o Presidente da República não quis falar aos jornalistas e questionado sobre o atraso na revisão da Lei de Programação Militar (LPM), noticiada hoje pelo jornal Expresso, remetendo para a ministra da Defesa, Helena Carreiras, que apenas respondeu "está quase, quase, quase".

Em 30 de março de 1922 teve início a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, protagonizada por Sacadura Cabral, piloto, e Gago Coutinho, navegador, a bordo do hidroavião Fairey III, batizado "Lusitânia", tendo como destino final o Rio de Janeiro.

Nesta viagem, que enfrentou algumas dificuldades, foram utilizadas três aeronaves e só depois de terem sido percorridas 4.527 milhas em 62 horas e 26 minutos, Sacadura Cabral e Gago Coutinho chegaram ao Brasil, em 17 de junho desse ano.

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