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Visita a Portugal? "Demonstração de que Brasil voltou ao mundo político"

Entre críticas a Jair Bolsonaro, Lula da Silva garante que o Brasil "voltou à normalidade" e assume compromissos claros, não só nas relações com outros países, mas também na luta contra as alterações climáticas. A 1 de janeiro, quando tomar posse como presidente do Brasil, espera contar com a presença de Costa e de Marcelo.

Visita a Portugal? "Demonstração de que Brasil voltou ao mundo político"
Notícias ao Minuto

21:37 - 18/11/22 por Carmen Guilherme com Lusa

País Portugal

Lula da Silva considerou, esta sexta-feira, que a sua visita a Portugal, é uma "demonstração de que o Brasil voltou ao mundo político". 

Estas declarações do presidente eleito do Brasil foram feitas após ser recebido pelo primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, já depois de uma reunião, em Belém, com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Aos jornalistas, Lula da Silva começou por expressar a "alegria de estar em Portugal e ser recebido pelo Presidente da República, pelo primeiro-ministro", naquilo que considera ser "uma demonstração de que o Brasil voltou ao mundo político", a "discutir os assuntos que são do interesse da humanidade", do "interesse do Brasil" e dos seus "parceiros".

O presidente eleito do Brasil recordou depois a sua passagem pela COP27, no Egito, para dizer que ficou muito "emocionado" quando ouviu "o povo" gritar "'o Brasil voltou'".

"Era muito marcante para mim, porque fazia quatro anos que o Brasil estava totalmente isolado do mundo. Nenhum país que sofreu bloqueio nesses últimos 30 anos teve o isolamento que o Brasil teve por culpa do próprio governo brasileiro. Não foi o mundo que isolou o Brasil, o Brasil é que se isolou", notou, destacando que um país que "era considerado o mais alegre", se tornou "um país triste".

"É um país em que a esperança desapareceu, em que o presidente [Jair Bolsonaro] fazia questão de não conversar com ninguém, de não receber ninguém, ninguém queria visitar o Brasil, porque ele [Bolsonaro] teve um comportamento totalmente anti-Brasil e antidemocrático", acrescentou.

Lula da Silva deixou depois a garantia de que irá regressar a Portugal, nomeadamente para homenagear Chico Buarque, que recebeu o Prémio Camões 2019.

"Eu estou orgulhoso porque posso agora dizer para vocês, que finalmente eu vou assinar o prémio que o Chico Buarque ganhou, Prémio Camões, que o governo atual não quis assinar. Eu vou assinar, e se Deus quiser estarei em Lisboa, com Chico Buarque para receber o Prémio Camões, tão merecido", salientou.

"A segunda  coisa, é que nós vamos voltar a cumprir aquilo que nós soubemos fazer muito bem, de 2003 a 2015, quando governámos o Brasil. Nós vamos cuidar da questão climática, vamos cuidar da Amazónia como um património da humanidade, em qual o Brasil tem total soberania, mas nós precisamos compartilhar com o mundo a pesquisa para descobrirmos o potencial da nossa biodiversidade. E que a gente possa contribuir com o mundo, cuidando da mais importante floresta tropical existente no planeta", disse.

Deixando a garantia de que o Brasil vai cumprir a sua "tarefa junto da humanidade", Lula voltou a defender alguns pontos que já tinha abordado no seu discurso na COP27, nomeadamente com a defesa de uma "governança global mais representativa" e uma mudança nas Nações Unidas.

"A ONU de hoje não pode continuar a ser a de 1948, o mundo mudou, a geopolítica mudou, as pessoas mudaram, a cultura mudou e, portanto, o conceito de segurança da ONU precisa mudar. Precisa ter mais gente representando todos os continentes e precisa acabar com a ideia de que um país pode ter o direito de veto. Ninguém é superior a ninguém, independentemente da sua riqueza, independentemente do seu poder", defendeu.

Voltando depois a esta passagem por Portugal, e após esclarecer os seus compromissos perante António Costa, Lula da Silva voltou a mostrar-se "muito feliz" e "orgulhoso" por o seu país retomar "a sua habitual atitude democrática, conviver com o mundo".

"Portugal é um parceiro histórico, é o nosso irmão, é a nossa pátria mãe, e a gente precisa aprender a ter uma relação com Portugal muito carinhosa. Eu tive quando era presidente, e pretendo voltar a ter a partir de 1 de janeiro", disse, admitindo que espera a presença de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa na sua tomada de posse, apesar de ser "uma data difícil".

"Quero dizer para vocês que o Brasil voltou à normalidade", sublinhou, acrescentando que o país precisa "voltar à paz" e garantindo combater a fome e a pobreza.

"Era tão bom quando a gente fazia campanha política no Brasil e a gente terminava os atos públicos, se encontrava com adversários e tomava até uma cerveja juntos. A gente não se tratava como inimigos, a gente se tratava como adversários. E nós queremos apenas isso. Queremos que na sociedade do Brasil volte a reinar a paz, que a gente volte a conviver democraticamente na adversidade", destacou.

Garantindo que o Brasil vai voltar "muitas vezes a Portugal", o presidente eleito do Brasil afirmou ainda que veio a Portugal para  "aprender" com o "sucesso" de Costa e Marcelo.

"Vim aprender com o primeiro-ministro, António Costa, porque eles inventaram uma tal de 'geringonça' que, ao que a gente sabia, ganhou as eleições. Depois, consertou a economia portuguesa. Depois, eu vi a notícia de que ele ia perder, que não estava dando certo. E o que aconteceu foi que ele sozinho ganhou e fez maioria", elogiou.

"Então, eu vim aqui também para aprender o sucesso desses dois -- do Presidente, do primeiro-ministro -- para ver se a gente consegue fazer o mesmo no Brasil e dar certo", declarou.

Lula da Silva chegou à residência oficial do primeiro-ministro às 20h00, acompanhado pela sua mulher Janja, tendo à sua espera o líder do executivo português e a sua mulher, Fernanda Tadeu.

Além da reunião -- que durou mais de uma hora -- e das declarações aos jornalistas, Lula da Silva e António Costa irão também jantar em São Bento.

Luiz Inácio Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos como presidente do Brasil, entre 2003 e 2011, foi novamente eleito a 30 de outubro, na segunda volta da eleição presidencial brasileira, com 50,9% dos votos, derrotando o chefe de Estado brasileiro em exercício, Jair Bolsonaro.

[Notícia atualizada às 23h26]

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