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Advogado defende que não ia haver ataque à Faculdade de Ciências

O suspeito de terrorismo, de 19 anos, começa a ser julgado esta terça-feira, no Campus da Justiça, em Lisboa.

Advogado defende que não ia haver ataque à Faculdade de Ciências
Notícias ao Minuto

09:33 - 18/10/22 por Notícias ao Minuto

País Terrorismo

O advogado de João Carreira revelou, esta terça-feira, na chegada ao Campus da Justiça, em Lisboa, que o cliente continua internado na ala psiquiátrica do Hospital Prisional de Caxias e que não sabe se ele vai querer ou não falar durante o julgamento, que começa esta terça-feira.

"Continua internado na ala psiquiátrica, uma medida decorrente do próprio processo e das normas que o Ministério Público (MP) estabeleceu. Aliás, está detido no hospital, é uma figura híbrida", disse Jorge Pracana aos jornalistas presentes no local.

Questionado sobre a probabilidade de João Carreira falar durante o julgamento, o advogado apenas disse: "Veremos, veremos".

Jorge Pracana pediu que o julgamento fosse feito à porta fechada de forma a proteger João, porque "temos à frente um jovem de 19 anos" a quem devemos "garantir um futuro com alguma estabilidade".

"Tem uma vida pela frente, independentemente daquilo que fez ou não fez e isso vai ser apurado, nós devemos dar-lhe uma oportunidade [...]. Não o devemos marcar com um carimbo disto ou daquilo para toda a vida", acrescentou o advogado de Defesa, assumindo que ainda não teve resposta a este pedido por parte do Tribunal.

Sobre a inocência ou culpabilidade de João, Jorge Pracana sublinhou que, na vida, nem tudo é "branco ou preto" e que considera, "pessoalmente", que o seu cliente não ia realizar nenhum ataque, visto que, este já tinha sido adiado várias vezes.

"O que queremos é procurar a verdade, muitas vezes a vida não é feita nem de branco, nem de preto. Às vezes há aquelas zonas cinzentas e a verdade está no meio", atirou.

Antes de entrar para o julgamento, o advogado referiu que o processo foi "muito bem conduzido" e "célere". Já à atuação da PJ deixou várias críticas.

"Depois daquela célebre conferência de imprensa do diretor nacional da Polícia Judiciária, não posso responder mais do que isto... Se há aqui algum empolamento começou pela investigação logo no início", disse referindo-se ao facto de a PJ ter divulgado a detenção.

"Só estou a falar a nível da detenção, porque se não tivesse sido aquela conferência de imprensa ninguém sabia de nada", afirmou.

Confrontado se o caso de uma ameaça de ataque terrorista a uma faculdade devia ser ocultado da sociedade, Jorge Pracana rejeitou essa visão, mas remeteu mais comentários para quando chegar o momento de fazer alegações.

"Uma questão é esconder, outra é no momento em que nada há e felizmente não houve nenhum ato e a pessoa estava em casa, portanto, porquê?", questionou, finalizando: "Não acho que seja possível nem desejável esconder. O que estou a dizer é que não era necessário criar um alarme com aquela dimensão quando, afinal, se veio a apurar agora todo um conjunto de circunstâncias que, se calhar, não justificavam aquilo naquela altura".

Com 9 anos já mostrava interesse por assassínios em massa

Recorde-se que João Carreira, suspeito de planear um ataque terrorista à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi detido em fevereiro pela Polícia Judiciária.

Em julho, o estudante, de 19 anos, foi acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de terrorismo, um dos quais na forma tentada, e de um crime de detenção de arma proibida.

A 11 de fevereiro de 2022 João ficou em prisão preventiva, tendo a medida de coação sido substituída, posteriormente, por internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias, com o MP a alegar "forte perigo de continuação da atividade criminosa e um intenso perigo de perturbação da tranquilidade e da ordem públicas".

A detenção do jovem ocorreu no dia 10 de fevereiro, após indicação do FBI (que surgiu a partir de uma denúncia de um utilizador) e na véspera da data que tinha definido para levar a cabo o ataque ao estabelecimento de ensino superior que frequentava.

Além de armas proibidas - entre as quais uma besta e várias facas - foram apreendidos outros artigos, "suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos" e vasta documentação, "além um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear", segundo a nota divulgada então pela PJ.

De acordo com a acusação do MP, João Carreira começou a mostrar interesse pelo fenómeno dos assassínios em massa em 2012, com apenas 9 anos, que se viria a desenvolver a partir de 2018, com 14/15 anos, para "um fascínio e uma obsessão" por este tipo de conteúdos, consumindo de forma "compulsiva" através de redes sociais, aplicações e fóruns online, nomeadamente, Discord, Reddit e Tumblr.

Leia Também: Suspeito de planear ataque à Faculdade de Ciências começa a ser julgado

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