O voto foi apresentado pela mesa da Assembleia Municipal de Lisboa e aprovado por maioria, com a abstenção do BE e os votos a favor dos restantes deputados municipais, manifestando "profundo pesar" pelo falecimento do padre João Seabra e endereçando "as mais sentidas condolências" à família, amigos, paroquianos, alunos e toda a comunidade católica de Lisboa.
Nascido em Lisboa, o padre João Seabra, cónego da Sé Patriarcal de Lisboa, faleceu na sexta-feira, aos 72 anos.
"Foi um grande português, figura maior da Igreja, personalidade marcante da cidade de Lisboa. Foi um homem que se entregou a Deus e viveu a sua vida nessa entrega, nesse amor, fazendo de si mesmo um servidor", é referido no voto de pesar, lido pela presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Rosário Farmhouse (PS).
Ordenado sacerdote em 05 de novembro de 1978 pelo cardeal D. António Ribeiro, segundo informação do Patriarcado de Lisboa, João Seabra foi pároco na antiga freguesia lisboeta Santos-o-Velho e na Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, no Chiado, cónego da Sé Patriarcal de Lisboa e capelão na Universidade Católica Portuguesa.
"A sua inteligência era fascinante, o verbo era arrebatador, a espiritualidade era contagiante, misteriosa, palpável. O entusiasmo era comovente. Irrequieto e lutador, convicto e dono de uma oratória vibrante. Padre, capelão, inspirador de movimentos e obras, orientador de jovens e casais, curador de almas, extraordinário confessor, até ao fim um pastor e um peregrino", enaltece o voto de pesar do órgão deliberativo do município de Lisboa.
O mesmo voto recorda João Seabra pelo amor a Deus, que o conduzia ao "amor às pessoas", associando-se "à causa da vida, da justiça e da verdade", em que "sabia ler e entender o contexto social, cultural e político".
"Nunca desaparece um homem assim. Dele fica a inspiração, o testemunho, a memória, os desafios com que nos interpelou, a coerência com que viveu. O padre João Seabra apontou sempre para o alto", realça o voto de pesar.
Após a votação, o deputado municipal do PSD apresentou um protesto relativamente ao comportamento "absolutamente condenável e vergonhoso do Bloco de Esquerda em relação a uma das personalidades mais ilustres da cidade de Lisboa".
O grupo municipal do BE quis fazer um contraprotesto, mas a presidente da mesa da assembleia não permitiu, afirmando que "as várias formas de se expressarem foram anotadas".
Apesar de lhe ter sido negada a palavra, o deputado municipal do BE Vasco Barata levantou a voz para perguntar: "Isto agora é moda, vai ser moda?".
No mandato 2021-2025 existem 13 grupos municipais que integram este órgão deliberativo da cidade de Lisboa, respetivamente do PS (27 deputados), PSD (17), CDS-PP (sete), PCP (cinco), BE (quatro), IL (três), Chega (três), PEV (dois), PAN (um), Livre (um), PPM (um), MPT (um) e Aliança (um), e dois deputados independentes do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), num total de 75 eleitos.
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