Fadiga da guerra? "Quando o Ocidente tem sinais de fraqueza Putin avança"
Luís Marques Mendes considerou que o presidente russo mostra "sinais de receio" face à opinião pública, algo que o Ocidente deverá "registar".
© Global Imagens
Política Ucrânia/Rússia
Esta semana foi, para Luís Marques Mendes, uma “semana de algumas novidades” no plano do conflito entre a Ucrânia e a Rússia. O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) defendeu, no seu espaço de comentário de domingo na SIC, que o Ocidente mostra sinais de fadiga em relação à guerra, deixando o alerta de que “quando o Ocidente tem sinais de fraqueza, [Vladimir] Putin avança”. Por outro lado, o presidente russo aparenta sentir algum “receio”, algo que o Ocidente deverá “registar”.
“É uma semana de algumas novidades. Houve alguns sinais de alguma divisão, de alguma fadiga do Ocidente em relação à guerra”, reiterou o comentador, explicando, logo de seguida, referir-se a diversos acontecimentos que marcaram a semana no panorama do conflito.
Entre eles, o comentador destacou “o plano de Itália sobre um eventual cessar-fogo”, que obteve uma reação negativa por parte de Kyiv e de Moscovo.
Seguiu-se a análise das declarações do antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, “a admitir, insinuar, ou apelar a que a Ucrânia cedesse à Rússia” - afirmações às quais o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, respondeu, recordando o ex-líder de estar “em 1938, e não em 2022”.
Marques Mendes analisou, por fim, “as divisões que se arrastam há semanas sobre o sexto pacote de sanções da União Europeia [UE] à Rússia, que a Hungria veta”.
“São sinais ainda ténues, mas são sinais de alguma divisão, de alguma fadiga. E isto tem alguma importância, por uma razão muito simples: quando o Ocidente tem sinais de fraqueza, Putin avança. Já aconteceu assim na invasão da Geórgia, já aconteceu assim com a anexação da Crimeia”, apontou, considerando que “devemos estar atentos”.
Apesar desta incerteza, Marques Mendes realçou que Zelensky “foi, é, e será” um “osso duro de roer”, não só no plano militar, mas também “na questão muito delicada e muito sensível” quanto à entrada da Ucrânia na UE a curto prazo.
“Criaram-lhe expectativas, [e] ele tem a opinião pública ocidental a favor dele. O problema é que metade dos países da UE não concorda com uma adesão da Ucrânia a curto prazo”, apontou, assinalando, contudo, que o chefe de estado ucraniano “está a comportar-se, uma vez mais, como um líder, desde o início da guerra”.
O que é que Putin teme?
Outro destaque para Marques Mendes é o facto de o presidente russo ter “estado muito ativo” quanto à sua governação, nomeadamente através do aumentos de salários e de pensões, mas também na visita a soldados russos feridos e internados no hospital militar de Mandryka, em Moscovo, pela primeira vez desde que encetou uma invasão na Ucrânia. A questão para o comentador é “porquê?”.
“Acho que são sinais de receio, de medo. E de quem é que ele tem medo? É do milhão de pessoas a protestar na Rússia”, respondeu, citando Álvaro Vasconcelos, que dirigiu o Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia e dirige o Fórum Demos, em entrevista ao Público.
“Ele quer a retaguarda defendida. Ele não quer perturbação. Endurece as posições no plano militar, como se tem visto no Donbass, e tenta fazer charme internamente. Mas é um sinal de medo e de fraqueza, e o Ocidente também deveria de registar isto”, rematou.
Na ótica do ex-líder social-democrata, o ministro alemão da Economia e Energia, Robert Habeck, expressou, este domingo, receio de que a unidade da UE no que diz respeito às sanções contra a Rússia esteja a "começar a ruir".
Os líderes têm encontro marcado na segunda e na terça-feira para discutir o novo (e sexto) pacote de sanções contra Moscovo, que poderá incluir um embargo ao petróleo, assim como a implementação de um programa que propicie o fim da dependência russa.
A invasão russa da Ucrânia - justificada por Putin pela necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar aquele país para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mais de quatro mil civis morreram e outro quase cinco mil ficaram feridos no conflito, que entrou no seu 95.º dia, este domingo. Ainda assim, o organismo sublinhou que os números reais poderão ser muito superiores, e que só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora palco de intensos combates.
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