Sempre com entrada livre, o evento levará assim um total de 37 projetos artísticos a diferentes espaços do centro histórico desse município do distrito de Aveiro, mediante um programa em que 35 criadores e companhias de 16 países assegurarão seis estreias absolutas, sete 'premières' nacionais e uma coprodução.

"Estamos de regresso pleno à rua e vamos retomar os espetáculos de grande formato", anunciou o vereador da Cultura, Gil Ferreira, na conferência de imprensa sobre a 21.ª edição do festival.

Se em 2019, em registo pré-pandemia, o evento contava com cerca de 75.000 espectadores, este ano as expectativas do presidente da Câmara, Emídio Sousa, são de que essa afluência possa aumentar: "As pessoas estão ávidas por regressar [à normalidade] depois de dois anos de restrições e neste momento há uma grande predisposição para participar neste tipo de eventos".

Dentro do mesmo espírito, e ao contrário do que acontecia em edições anteriores, em 2022 as performances a apresentar no festival não estão subordinadas a um tema específico, já que a organização optou, "de forma intencional e refletida", por permitir "que os ímpetos da liberdade possam agir, de forma natural, no processo criativo de cada artista e companhia".

O evento mantém, contudo, valências recentes como a programação pré-festival que, num esforço de "descentralização cultural e capacitação de públicos", levará às freguesias de São Paio de Oleiros e Santa Maria da Feira, por exemplo, a peça de teatro "Li-Xo", em que a Companhia Grão-a-Grão aborda questões relativas à sustentabilidade ambiental.

É no dia 26, contudo, que arranca a programação principal do Imaginarius, a propósito da qual Gil Ferreira destaca, por um lado, o espetáculo de ilusionismo "Soirée Magique", com que a companhia francesa Cie 14:20 traz a Portugal "artistas emergentes da nova tendência que é a 'nouvelle magie'", e, por outro, a produção espanhola de grande formato "Veles e Vents", com que o coletivo Xarxa Teatre quer provocar "uma reflexão centrada na poluição dos oceanos".

Quanto às criações de origem nacional, a gestora de projeto, Telma Luís, começa por apontar como exemplo de "temáticas prementes na atualidade" o espetáculo "Eu Fêmea", do Teatro do Mar, em que uma atriz fechada no interior de um cenário idêntico ao dos "peep shows" será seguida por espetadores instalados em cabines individuais.

De produção portuguesa é também "No Elbows on Table / Sem cotovelos na mesa", do INAC -- Instituto Nacional das Artes do Circo, com propostas de circo contemporâneo evocativas de vidas cruzadas dentro de um aquário, e "Kinsky -- Roi des Rats / Kinsky -- Rei dos Ratos", de Rui Paixão, sobre um vendedor de dentaduras de vampiro "que, num ato de manifestação, se transforma em rato".

Entre as 140 apresentações do festival, num total de 118 horas de conteúdos, a edição de 2022 volta igualmente a apresentar o segmento de novos talentos "Mais Imaginarius", que, após análise de 205 candidaturas de 53 nacionalidades, selecionou para o festival 15 projetos emergentes de 13 países.

Já o Imaginarius Infantil aposta num "amplo conjunto de propostas que conjugam momentos lúdicos com a vertente pedagógica e de experimentação". É o caso dos projetos espanhóis "Cubo", da companhia Elefante Elegante, e "La Bella Tour", pelo coletivo homónimo de circo e 'clown', mas aplica-se também à performance pedagógica "Bicicleta ManiFesta", do alemão Diogo DeCalle, à experimentação orientada pela escola portuguesa SALTO - International Circus School.

O orçamento global do evento é de 263.000 euros, o que representa um reforço face aos 250.000 da última edição pré-covid. A componente específica do Imaginarius Infantil, em concreto, foi reforçada em 50% e absorve agora cerca de 14.000 euros, o que o vereador da Cultura diz refletir uma aposta no estímulo à criatividade do público infantojuvenil e, "sobretudo, no desenvolvimento intelectual e no amadurecimento de públicos".

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