"A diretora do Turismo [da Madeira] e o diretor regional das Comunidades estão em contacto com as embaixadas e consulados [...] e estamos a fazer todas as diligências para serem apoiados. Não ficarão de forma alguma sem apoio do Governo [Regional]", declarou Miguel Albuquerque aos jornalistas, à margem da visita que efetuou a um concessionário do ramo automóvel, no Funchal.
Segundo o chefe do executivo Regional, na Madeira estão neste momento 189 turistas ucranianos que deviam regressar no sábado a Kiev, mas o espaço aéreo da Ucrânia está fechado e o voo não deverá realizar-se.
"Vamos encontrar uma solução. Penso que hoje à tarde ou mais tardar amanhã de manhã [sábado de manhã] encontraremos uma solução para as pessoas não ficarem desalojadas", adiantou o governante madeirense, salientando que muitas dessas pessoas "já estão com as contas canceladas".
Miguel Albuquerque admitiu que o alojamento destes turistas numa unidade hoteleira da região possa "ser uma solução".
Mas, sublinhou, o objetivo "prioritário" das diligências que estão a ser efetuadas é "ver se há alguma forma indireta, através de outro país, das companhias poderem aterrar e transportarem estas pessoas para o seu destino".
O responsável madeirense acrescentou ainda que também estão na região 223 turistas russos, que chegaram ao arquipélago através da ligação efetuada entre os aeroportos da Madeira e Moscovo.
"Neste momento estamos a preparar todas as diligências no sentido de apoiarmos estas pessoas", apontou, assegurando que, "se for necessário", a Madeira "vai também apoiar" estes cidadãos russos.
Miguel Albuquerque destacou igualmente as consequências da invasão da Rússia à Ucrânia em termos turísticos e para os cidadãos das duas comunidades residentes na região, visto que a Madeira tem ligações aéreas diretas com os dois países.
"Temos uma comunidade residente completamente bem integrada. Temos 328 residentes permanentes ucranianos e 413 cidadãos russos. Pessoas completamente integradas na nossa sociedade, são sempre bem-vindos", enfatizou.
O presidente do governo madeirense sublinhou também que "estas pessoas não têm nada a ver com regimes ou violações perpetradas pelo Governo russo".
"O que queremos é que, rapidamente, a situação seja resolvida para podermos continuar as operações [aéreas] que eram importantes para a Madeira", disse.
Questionado sobre a possibilidade de a Madeira acolher refugiados, Miguel Albuquerque recordou que sempre existiu essa disponibilidade.
Na quinta-feira, o secretário do Turismo da Madeira, Eduardo Jesus, recordou que a operação turística com a Rússia envolve um voo semanal direto de Moscovo, o mesmo acontecendo com a Ucrânia, com ligação direta entre Kiev e a Madeira.
"As operações estavam previstas se manter até outubro deste ano e iam gerar a possibilidade de cada uma delas trazer cerca de 7.000 pessoas à Madeira", referiu.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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