A última semana de julgamento do caso da morte de Maëlys de Araújo, lusodescendente de oito anos, começou, esta segunda-feira, com uma perícia psiquiátrica e psicológica ao acusado.
Nordahl Lelandais voltou a admitir hoje, perante o tribunal onde decorre o seu julgamento, ter matado a menina durante uma festa de casamento no sudeste de França, em 2017.
"Confirmo as declarações de sexta-feira, confirmo todos os factos de que sou acusado", afirmou no início da sessão do julgamento, que entra agora na última semana. A sentença deverá ser conhecida na sexta-feira, dia 18.
Na noite de sexta-feira, Nordahl Lelandais admitiu ter sequestrado e matado deliberadamente Maëlys de Araújo, mas sem intenção de a agredir sexualmente.
O acusado reconheceu também que não foi a criança a entrar deliberadamente no carro dele, quando se ausentou da festa, mas sim ele que a convenceu.
Durante a manhã, os psicólogos têm traçado o retrato de um homem que não aceita facilmente o fracasso e que vive "em grande dependência emocional", o que explica em particular sua ligação com seus cães.
Uma das especialistas defendeu mesmo, perante o tribunal de Grenoble, que "só existe indiferença. Nem ódio nem amor". Para a psicóloga, Nordahl Lelandais "chora por ele". Ele tem vergonha e "a vergonha é uma dor narcísica. Não tem nada a ver com culpa".
A morte de Maëlys de Araújo chocou a França em agosto de 2017, já que a menina desapareceu de uma festa de casamento familiar, na cidade de Pont-de-Beauvoisin, onde estariam cerca de 200 convidados. Passados alguns dias, Nordahl Lelandais foi acusado de sequestro.
Só em 2018 é que o arguido confessou o crime, conduzindo as autoridades ao local onde tinha abandonado o corpo da menina. O acusado diz ter esbofeteado a Maëlys de Araújo causando, sem querer, a sua morte. No entanto, a autópsia revelou vários golpes fatais na cabeça da criança.
Durante as investigações do sequestro e morte da menina lusodescendente, Nordahl Lelandais começou a ser investigado por outros homicídios e desaparecimentos à sua volta, assim como acusações de pornografia infantil e abuso sexual de menores.
Em maio de 2021, foi condenado a 20 anos de prisão pela morte do jovem de 23 anos Arthur Noye, que aconteceu em abril de 2017. Este homicida continua a ser investigado pelas autoridades francesas sobre diferentes homicídios e sequestros nas regiões onde viveu ou onde se deslocou nos últimos anos.
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