O presidente da assembleia-geral da AMFTIT refere que o processo "está em curso" e envolve a associação e as juntas de freguesia da ilha, com vista à "elevação da taurinidade das localidades a património material e imaterial", tanto ao nível regional, junto do governo açoriano, como mundial, junto da UNESCO.
A associação está a fazer "um estudo e um historial "da tourada à corda, identificando "os elementos culturais que preenchem os requisitos da UNESCO para ser considerada património da humanidade", explicou Arnaldo Ourique.
"E também, em cada freguesia da ilha Terceira, apresentámos o projeto para que cada uma aprove, em assembleia de freguesia, a taurinidade como património cultural material e imaterial da respetiva freguesia", acrescentou.
O responsável da AMFIT espera que até final do ano as trinta freguesias da ilha aprovem o projeto, referindo estar em causa a tourada à corda e o seu contexto sociocultural "mantido ao longo de 500 anos".
"Não é apenas a tourada à corda em si, é o percurso taurino, alguns edifícios, o toiro da terra, é o interior da ilha que está resguardado há 500 anos pelas touradas à corda, ou seja, engloba um conjunto de elementos dos quais dois ou três preenchem os critérios da UNESCO para declaração de património da humanidade", disse.
Arnaldo Ourique sublinhou que "não são os privados que promovem o processo de elevação", mas "o Estado, neste caso, a Região Autónoma do Açores", que tem capacidade para o desencadear.
"Numa primeira fase, para estudar a possibilidade teórico-cultural da ideia e depois desenvolvendo o respetivo procedimento através da comissão nacional da UNESCO", afirmou.
Arnaldo Ourique adiantou ainda que "intrínseco" a este processo está uma iniciativa legislativa de um grupo de cidadãos, entregue há duas semanas no parlamento açoriano, para criar um "Regime jurídico de apoio ao Mordomo, Comissão das Festas, Império e Irmandade".
"As festas do culto do Espírito Santo e similares nos Açores em geral, mas com particular incidência na Terceira devido às touradas, têm uma característica, que é traduzirem a matriz da Região Autónoma dos Açores. Daí a 'Segunda-feira do Espírito Santo' ser o 'Dia dos Açores'. No entanto, os mordomos não têm uma legislação de apoio como têm os desportistas, as associações da juventude, as empresas, etc.", declarou.
A proposta visa, elencou, três propósitos: declarar o interesse público das festas populares para isentar ou reduzir taxas associadas à organização de eventos, entre eles, as touradas à corda; conceder três a cinco dias de dispensa aos mordomos (organizadores das festas) sem perda de vencimento; e a atribuição de apoios financeiros às comissões de festas.
"Estamos numa ilha com 400 metros quadrados, 56 mil pessoas, com 2.500 toiros, com quase 20 ganadarias e com quase 300 touradas à corda. Há toiradas que têm 15 mil pessoas e, em casos pontuais, 20 mil pessoas, ou seja, há todo um movimento financeiro que é verdadeiramente colossal", considerou.
Nas contas da associação, as duas autarquias da ilha (Angra do Heroísmo e Praia da Vitória) e a PSP arrecadam 187 mil euros por ano em taxas aplicadas às touradas à corda, que representam cerca de 2,5 milhões de euros de receitas decorrente de atividade económica alimentar.
"Parece possível, portanto, sustentar a isenção que esta Lei do Mordomo apoia - porque as câmaras municipais da Terceira possuem outros rendimentos precisamente provocados pelas Festas Tradicionais", lê-se no documento entregue no parlamento açoriano.
Para o membro da AMFTIT, criada em julho de 2012 e atualmente com quinhentos associados, este seria um projeto "pioneiro".
"Seriamos porventura a primeira cultura taurina do mundo elevada a património mundial", disse.