Opção pelo 'bypass' na Figueira da Foz traz esperança, diz autarca
A opção, hoje assumida pelo ministro do Ambiente, em avançar para a construção de um 'bypass' de transposição de areias na Figueira da Foz é, para o presidente da Câmara, uma solução que permite tranquilidade e esperança.
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País Figueira da Foz
Intervindo na sessão de apresentação do estudo técnico e de viabilidade económica da transposição de areias de norte para sul do rio Mondego, Carlos Monteiro definiu a implementação, a 30 anos, do sistema fixo como "uma proposta estável" que "permite tranquilidade".
"É tirar areias de onde estão a mais, para onde fazem falta", observou o autarca do PS, adiantando que o 'bypass' de areias "traz a esperança a quem usa o porto comercial, a quem usa o porto de pesca e à população da margem sul da Figueira da Foz".
Carlos Monteiro argumentou que uma proposta a longo prazo "não é frequente" em Portugal e agradeceu ao ministro do Ambiente, Matos Fernandes, pela "visão" em possibilitar a concretização de um sistema que, desde 2011, há uma década, vem sendo defendido pelo movimento cívico SOS Cabedelo, a quem o autarca também agradeceu os contributos.
A Matos Fernandes - que para além da Agência Portuguesa do Ambiente e administração portuária, agradeceu à Câmara Municipal a forma "empenhada, direta, leal, amiga, mas sempre muito defensora dos interesses dos seus, sem qualquer egoísmo -, Carlos Monteiro pediu que o estudo hoje apresentado seja "avaliado o mais depressa possível" e que o projeto "seja desenvolvido".
"Mas, fundamentalmente, que tenha a maturidade necessária para ser inscrito no Quadro Comunitário [Portugal] 2030. Atendendo aos valores, acredito que possa e deva ser", frisou o presidente da Câmara.
O autarca lembrou o projeto em curso do abastecimento de três milhões de metros cúbicos de areia, retirados do mar a norte do molhe norte do porto comercial para serem colocados junto às praias a sul (que está previsto ser realizado em 2023) bem como a obra de aprofundamento do canal da barra, argumentando que "acontecendo estes três trabalhos", a Figueira da Foz "vai ter mais segurança em todos os aspetos".
Já o arquiteto Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, manifestou-se agradado com a decisão de se optar pelo 'bypass' mas frisou que o dia de hoje, "é o dia em que há também mais responsabilidades".
"Agora temos uma responsabilidade de contribuir para que seja bem feito. Há uma série de dúvidas, estamos a trabalhar em coisas que já deram provas de funcionamento, o sistema australiano funciona há mais de duas décadas, mas há sempre dúvidas dos impactes", notou.
O elemento do SOS Cabedelo lembrou que foram precisamente os impactes do 'bypass' que levaram o movimento cívico à Austrália "por duas vezes" para perceber o funcionamento do sistema.
"E quando fomos reunimos com os técnicos que projetaram a infraestrutura, mas também com quem a explora, reunimos com movimentos de cidadãos, movimentos ambientalistas, movimentos de surfistas e as universidades que fazem o acompanhamento", argumentou.
"E, por duas vezes, trouxemos cá o técnico australiano [responsável pelo 'bypass' da Costa de Ouro australiana], também para ele perceber melhor como era a nossa costa e as nossas areias. E, portanto, tudo isto dá-nos alguma segurança", observou Miguel Figueira.
O ministro do Ambiente recordou hoje a primeira vez que ouviu falar "ao vivo" da hipótese do 'bypass' na Figueira da Foz e lembrou o "ar zangado" do arquiteto "cheio de certezas absolutas", quando o movimento protestava, em 2019, pela construção do sistema fixo.
"Agradeço ao SOS Cabedelo, a forma, muito para além de reivindicativa, mas técnica, com que nos entusiasmou a chegar aqui", frisou Matos Fernandes.
Em jeito de resposta, Miguel Figueira recordou que, nesse encontro, os elementos do SOS Cabedelo envergavam camisolas, cada um com uma letra da palavra 'bypass' e um ponto de interrogação.
"O Saramago dizia que não há más perguntas, depende da resposta. E, portanto, estamos todos de parabéns, o ministro veio hoje dizer que o estudo é viável e este é o caminho", declarou Miguel Figueira.
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