Águias-de-bonelli que nidificam em Lisboa têm projeto de proteção
A águia-de-bonelli, uma espécie ameaçada, nidifica excecionalmente na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e vai estar a partir de agora mais protegida, com um projeto que pretende criar condições para aumentar a população em 25%.
© Shutter Stock
País Águia
A proteção da espécie ('Aquila fasciata'), também conhecida como águia-perdigueira, será feita através do projeto LIFE LxAquila, que foi hoje apresentado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
O projeto vai até 2025 e tem um orçamento de quase dois milhões de euros, financiado em 75% pelo programa LIFE (ambiente e ação climática) da União Europeia.
Joaquim Teodósio, coordenador do departamento de conservação terrestre da SPEA, que apresentou o projeto numa ação que decorreu online, disse que na AML existem 12 a 14 casais da espécie e que o objetivo é chegar a 2025 com pelo menos 18 casais na região.
O projeto envolve comunidades locais, entidades do governo central, organizações não-governamentais e empresas e tem também como finalidade proteger os 29 ninhos conhecidos, conter a maior parte dos eventos perturbadores das águias e sensibilizar a população para a importância dos predadores para a saúde dos habitats.
Joaquim Teodósio explicou que as águias-de-bonelli vivem essencialmente em plena natureza, como na região do Douro Internacional ou no Alentejo e serra algarvia, sendo a região de Lisboa, onde vivem quase três milhões de pessoas, uma exceção onde as águias se habituaram a conviver com infraestruturas humanas.
Segundo a SPEA há em Portugal cerca de 120 casais da espécie, 10% na AML e onde estão mais ameaçadas, seja pela degradação de habitats, pela perda de locais de nidificação e alimentação, pelas perturbações causadas pelas pessoas (ruído de motores por exemplo), ou pelos perigos que representam as linhas elétricas (serão corrigidos uma centena de postos), venenos e mesmo perseguição das pessoas, com muitas, disse o responsável, a ver ainda as aves de rapina como um adversário.
De acordo com Joaquim Teodósio o projeto tem 14 parceiros e pretende envolver também dezenas de pessoas (muitas das zonas importantes de habitat das águias são privadas) numa zona que vai de Torres Vedras e Alenquer, a norte, a Setúbal, a sul.
Nos próximos anos o projeto prevê a monitorização dos exemplares conhecidos, a identificação de novos territórios ocupados, a marcação e rastreio de pelo menos sete juvenis, a identificação de ameaças e proteção de zonas de ninhos, a colocação, se necessário, de plataformas artificiais e bebedouros, e a monitorização e melhoria das populações de presas, para além da prevenção e investigação de crimes ambientais.
A GNR, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) é um dos parceiros da iniciativa. Segundo Joaquim Teodósio serão feitas 250 patrulhas e outras tantas atividades de sensibilização, sendo envolvidos todos os agrupamentos escolares da AML.
E depois de 2025, espera o responsável, ficará o que chamou uma rede de custódia que junta entidades públicas e privadas que serão guardiões dos valores naturais da região, incluindo a águia-de-bonelli.
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