Jornalista acusa editor Manuel Alberto Valente de assédio sexual
Joana Emídio Marques revelou como toda a situação se desenrolou. "O homem estava a mostrar-me, a dizer-me, que não tomava Viagra. E aquilo que era para mim um jantar de trabalho tornou-se logo ali uma humilhação", descreveu.
© Global Imagens
País Assédio sexual
Joana Emídio Marques acusou, num longo post publicado nas redes sociais, que Manuel Alberto Valente, ex-editor e homem forte da Porto Editora, de assédio sexual. O episódio, descreveu, ocorreu em 2012 quando "começou a correr a notícia de que a Porto Editora ia comprar a mais importante chancela de poesia, a Assírio e Alvim".
Sendo 'amiga' no Facebook de Manuel Alberto Valente, a jornalista, na altura a trabalhar no Diário de Notícias, aceitou jantar com este para saber mais informações sobre aquela eventual compra. "Não por acaso ele marcou o jantar num fim de semana em que a sua mulher estava num festival literário no México. Mas esta ligação eu só fiz muito depois", indicou Joana Emídio Marques.
A também escritora prosseguiu a publicação a contar que ambos foram a a um "restaurante caro" onde Manuel Alberto Valente começou por a ajudar a despir o casaco: "Ele, cavalheiro, a ajudar-me a despir o casaco, a puxar a cadeira para eu me sentar. Estava eu a ficar bem impressionada, quando ele tira do bolso uma caixinha de comprimidos que espalhou na palma da mão e aproximou do meu rosto e lançou: 'Estás a ver? Não tenho aqui nenhum comprido azul'".
"Eu, que acabara de conhecer o homem e não queria parecer burra, forcei o meu cérebro a tentar entender a 'piada' mas não consegui. 'Oh, soltou ele: não te faças de sonsa'. Assim, logo a tratar-me por tu e a insultar-me de forma velada. Nesse momento eu entendi (se nasces mulher aprendes cedo a descodificar alusões sexuais): o homem estava a mostrar-me, a dizer-me que não tomava Viagra. E aquilo que era para mim um jantar de trabalho tornou-se logo ali uma humilhação", apontou Joana Emídio Marques.
Não tendo conseguido saber "nada de concreto" sobre o alegado negócio da Porto Editora - a razão do jantar - a jornalista concluiu: "Ele já tinha percebido que não me ia levar para a cama e eu já tinha percebido que sem isso não havia estória. Só história."
Então, no fim da refeição, Manuel Alberto Valente ofereceu-se para levar Joana ao carro. "Aceitei. Erro meu. Quando parou o carro e ia dar-lhe os tradicionais dois beijos de despedida, o Manuel Alberto Valente ainda achou por bem começar a tentar beijar-me na boca, com uma descontração que mostrava que ele deve ter feito isto centenas de vezes. Eu afastei-me e saí do carro. Em silêncio chamei-o de 'velho porco', em silêncio humilhado chorei até Setúbal".
A escritora descreveu ainda que contou a situação a vários amigos e que se queixou ao, na altura, assessor de imprensa da Porto Editora. Rui Couceiro reconheceu "haver esse problema" e fê-lo "como quem aceita que pode chover num dia de sol".
Leia na íntegra a publicação de Joana Emídio Marques:
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