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"Como é que se querem dar ao respeito se não respeitam os outros?"

O Presidente da República está de férias em Alvor, no Algarve, e comentou a temática do racismo, que tem estado na ordem do dia.

"Como é que se querem dar ao respeito se não respeitam os outros?"

De férias em Alvor, Algarve, o Presidente da República parou para falar com os jornalistas sobre a situação do país. Um dos temas abordados foi o facto de o racismo e as manifestações de extrema-direita terem entrado na discussão pública, recentemente. Marcelo Rebelo de Sousa começou por revelar que nem percebe porque é que esse tema "mereça discussão na sociedade portuguesa, ou no mundo contemporâneo", reconhecendo, no entanto, que "infelizmente merece, porque temos exemplos de racismo em toda a parte".

"É tão óbvio que o racismo, como a xenofobia, como a intolerância, como a descriminação, são contra a dignidade da pessoa humana, que são contra o respeito da pessoa, que parece-me primitivo haver quem faça do racismo uma forma de afirmação social", explicou, acrescentando que se "noutras épocas correspondia ao espírito da época, neste momento não corresponde a espírito nenhum e sobretudo há a visão clara há muito tempo de que é uma negação do respeito das pessoas".

O chefe de Estado questionou ainda "como é que as pessoas se querem dar ao respeito se não respeitam os outros?", referindo que dessa forma se "entra numa luta selvagem imprópria da democracia".

Sobre um possível receio de que essa "luta selvagem" contagie as presidenciais, Marcelo disse esperar que "não contagie a vida política portuguesa" de todo. "Por isso é que disse que tinha de haver tolerância zero na condenação, combate e punição dos atos racistas, mas ao mesmo tempo bom senso, para não se converter num clima emocional em que às tantas as pessoas atiram pedras e criam clivagens num momento em que temos de estar unidos. Em relação à pandemia e à crise económica e social, de que não se fala, bem como em relação ao desemprego, de que não se fala, mas que vai subir", considerou.

"Com tantos desses desafios a enfrentar vamos alimentar emocionalmente uma coisa que é um absurdo como essa postura racista e vai haver um clima de radicalização e de escalada sobre isso? Eu acho que dá notícias, mas não é bom para a sociedade portuguesa".

Para o Presidente este é um assunto que "deve enfrentar-se com cabeça fria, com cabeça e não com emoção". "As pessoas precisam de pensar serenamente que, de facto, muitas vezes aquilo que lhes apetece, é encontrar bodes expiatórios, é encontrar culpados. A vida corre-nos mal e temos de encontrar culpados. As pessoas são diferentes, não há duas pessoas iguais", rematou.

Recorde-se que nos últimos dias, alegados membros da extrema-direita, da autoproclamada 'Nova Ordem de Avis - Resistência Nacional', ameaçaram dez personalidades, incluindo a três deputadas da Assembleia da República -Beatriz Gomes Dias, Mariana Mortágua e Joacine Katar Moreira - bem como, o dirigente da SOS Racismo, Mamadou Ba. O Governo já condenou as ações como "uma ameaça à própria democracia" que indignar "todos os democratas" e o Ministério Público instaurou um inquérito-crime.

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