Em resposta à conferência de imprensa dada na tarde desta segunda-feira pela Infraestruturas de Portugal (IP), o Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) emitiu um comunicado onde salienta diversos pontos sobre a ferrovia, em relação ao acidente da passada sexta-feira.
Na nota, o SMAQ começa por sinalizar que a IP "não explicou por que razão, estando o CONVEL implementado na Rede Ferroviária Nacional desde 1993, só em 2018, após as recomendação do GPIAAF", na sequência do incidente que ocorreu em 2016 em Roma-Areeiro, "é que se mostra sensibilizada para a falha de segurança que representa a ausência do sistema CONVEL nos seus veículos".
Para o sindicato, a empresa "não explicou" também que, sendo as conclusões do GPIAAF públicas desde 2018, e "tendo a IP consciência da dificuldade técnica da implementação do sistema CONVEL nos seus veículos por parte da BOMBARDIER, e tendo [ainda] em conta igualmente o número elevado de ocorrências de ultrapassagem de sinais vermelhos, por parte de veículos da IP, que se tinham verificado até aí", qual a razão para não terem sido adotados "procedimentos regulamentares mitigadores do risco sempre que os veículos especiais da IP, não equipados com CONVEL, circulem em via aberta à circulação de comboios equipada com o sistema CONVEL".
Como terceiro ponto da nota, o SMAQ dá conta de que a IP tem "a obrigatoriedade legal de fazer auditorias ao seu Sistema de Gestão de Segurança e, nesse contexto, apurar os riscos de segurança e promover a sua devida mitigação".
"Nunca antes de ter sido devidamente identificado pelo GPIAAF, e emitidas as devidas recomendações, a IP detetou o risco que veio a gerar este acidente causador da perda de duas vidas humanas, ferimentos muito graves no maquinista do comboio de passageiros e ainda ferimentos em 42 passageiros", é dito, em menção ao acidente em Soure, no distrito de Coimbra.
O SMAQ revela ainda que se vai abster de fazer mais declarações sobre este assunto, aguardando "serenamente" pelo relatório final.