Impressão de livros a pedido chega a Espanha. Preço afasta portugueses

A possibilidade de impressão de livros a pedido, em livraria, surgiu recentemente em Espanha, por iniciativa de um grupo de distribuição, mas o "preço elevado" dos equipamentos desmotivou empresários portugueses.

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Lusa
24/06/2020 20:38 ‧ 24/06/2020 por Lusa

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"Esse tipo de máquina foi-nos apresentada na Feira do Livro de Frankfurt, há dois anos", disse à agência Lusa fonte da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que acrescentou: "Mas dado o elevado preço, parece não ter interessado os empresários portugueses, que não viram [hipótese de] um retorno financeiro em tempo útil".

Por isso, não tem conhecimento da existência de um projeto idêntico em Portugal, afirmou esta fonte da APEL.

Vários grupos contactados pela Lusa deram a mesma resposta, relacionada com a dificuldade de retorno do investimento, incluindo uma editora que admitiu ter trabalhado com uma máquina similar, há dez anos, no início da atividade, mas que abandonou, perante os custos que se tornaram insuportáveis.

Uma livraria em Sevilha, no sul de Espanha, propriedade da Lantia Publishing, o maior grupo independente de distribuição do país, começou a imprimir livros, a pedido, em poucos minutos, após a instalação de uma "express book machine", e o processo tem vindo a conquistar espaço, nos meios espanhóis de comunicação.

Ao diário "El País", os responsáveis da livraria Isla de Papel, em Sevilha, afirmaram que a máquina é "como um dragão que cospe livros", daí o nome que lhe deram, "Dragona".

Em Portugal, este tipo de tecnologia foi introduzido há dez anos pela Alêtheia, que, apesar de admitir que correu "muito bem", em termos tecnológicos, teve de abandonar o projeto, porque os "custos eram muito elevados e não compensava", segundo fonte da editora.

A máquina, uma impressora multiusos, imprime digitalmente os livros, com capa mole e encadernação, demorando, no processo, cinco a oito minutos.

A livraria sevilhana imprime livros já esgotados de 142 chancelas editoriais espanholas, num total de cerca de 30.000 títulos, com as quais firmou acordos.

Entre estas encontram-se chancelas da Planeta, da Penguin Random House e da Zenda Aventuras.

A editoras cedem os ficheiros informáticos das obras, e recebem uma percentagem por cada livro impresso.

O cofundador e diretor do Grupo Lantia, Chema García, disse ao jornal espanhol que a tendência é um aumento do seu catálogo além das 32 mil referências atuais, e deu como exemplo a Casa Del Livro, em Madrid, a maior de Espanha, que conta com 80 mil títulos.

Este projeto, importado de Nova Iorque, onde os responsáveis da distribuidora tomaram contacto com a "express book machine", está a funcionar na capital andaluza desde novembro último.

Sem dar números do negócio, o diretor estima a impressão de 14 livros por dia, com o preço de venda de cada cópia a corresponder ao preço fixado por lei, para o livro. Isto é, um título custa o mesmo, como se fosse publicado da maneira convencional.

"Este sistema tem um custo de impressão mais alto, mas menos logística e distribuição, para que possa manter o preço sem causar problemas", disse Chema Garcia ao jornal espanhol.

A história da "express book machine" situa as primeiras impressões, a nível experimental, na Biblioteca Pública de Nova Iorque, em 2007, culminando um projeto de investigação, desenvolvido grupo pelo editorial Perseus, que queria eliminar sobras e devoluções, custos de armazenamento e de transporte, entre outros encargos.

O 'site' da marca registada "express book machine" apresenta uma lista de cerca de meia centena de locais que mantêm a a máquina em atividade, a maioria em universidades e bibliotecas dos Estados Unidos e do Canadá.

Há referência a cadeias de livrarias (Barnes & Noble, em Nova Iorque, Mondadori, em Milão, e Sanseido, em Tóquio), a projetos de edição própria, em localidades dos Estados Unidos e em Manila, e a cerca de uma dezena de livrarias independentes, sete delas nos Estados Unidos, e as restantes no Canadá e na Holanda (duas lojas American Book Center).

As cinco "express book machine" localizadas em França, aparecem associadas a escolas e projetos de ensino de artes gráficas.

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