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"A China não dá, normalmente, ponto sem nó"

Marques Mendes fez um balanço da pandemia pelo mundo.

"A China não dá, normalmente, ponto sem nó"
Notícias ao Minuto

22:40 - 05/04/20 por Melissa Lopes

País Covid-19

Fazendo um balanço da pandemia da Covid-19, Luís Marques Mendes disse que a "China começou mal", designadamente "escondendo durante algum tempo a doença". Depois, "foi super eficaz a controlar a epidemia", contribuindo para tal "os métodos autoritários". Agora "está a tentar voltar ao normal, de forma gradual e paulatina". 

O comentador sublinhou que, pelo meio, "fica sempre a suspeita de que encobriu alguns números ou de que fez alguma manipulação e, ao mesmo tempo, está com alguns exercícios de solidariedade pelo mundo, a fazer política com a doença". Sendo disso exemplo o apoio a Itália, à Sérvia e a outras partes do mundo.

"É a China a limpar a sua imagem da situação inicial e a alargar a sua influência na política externa. A China não dá, normalmente, ponto sem nó", considerou. 

Passando a analisar a situação da Covid-19 na Europa, atualmente o centro da pandemia, Marques Mendes quis fazer "quatro destaques".

Por um lado, Espanha, "uma verdadeira tragédia", sendo o país com maior número de infetados em toda a Europa. Depois, Itália que "continua a ser uma tragédia", embora "com alguns sinais positivos nos últimos dias". "É, ainda hoje, o país com maior número de vítimas mortais no mundo". Segue-se a Alemanha, "o terceiro país na Europa com maior número de infetados, mas com uma curiosidade positiva: tem menos vítimas mortais do que outros países. Depois, prosseguiu o comentador, no caso do Reino Unido houve hoje a intervenção da Rainha, "uma coisa inédita, excecional". "É um país que inverteu a sua estratégia (...) e como agora se deu a política de isolamento tardiamente, a situação é ainda dramática". 

Fora da Europa, o comentador destacou o "caso especialíssimo dos Estados Unidos", o país "campeão mundial de infetados (mais de 320 mil) e a situação que tenderá a piorar. "Trump começou por desvalorizar a doença, depois foi obrigado a recuar, e a partir daí passou a dramatizar o problema todos os dias". Nos EUA, apontou, o número de mortos já é três vezes superior ao que aconteceu no 11 de setembro, mas vai subir para 10, 20, 30 vezes superior a essa tragédia".

No entender de Marques Mendes, esta pandemia pode fazer com que Donald Trump, que hoje está em alta nas sondagens, possa até perder as eleições presidenciais em novembro. "O seu o grande trunfo era uma economia em alta e desemprego em baixa, e está a dar-se exatamente o contrário: a economia a cair e o desemprego a subir de uma forma brutal", justificou. 

O comentador assinalou ainda o sistema de saúde dos EUA, que é muito diferente do de Portugal e da Europa, não é geral, universal e gratuito mas sim baseado em seguros de saúde. "Vê-se nestes momentos que não é nem tão justo nem tão eficaz como poderia e deveria ser", defendeu. 

Prosseguindo na análise, Marques Mendes realçou o Brasil como "mau exemplo". "Bolsonaro andou, tal como Trump, aos ziguezagues, desvalorizou a doença, depois foi de alguma forma obrigado, parcialmente, a recuar. Hoje em dia está em guerra com todos, em guerra com a justiça, com os governadores dos vários estados, com o seu próprio ministro da saúde (...)". Mendes conclui, por fim, que "os populistas lidam mal com esta crise" e "manifestamente, Bolsonaro é dos mais impreparados de todos". 

Sobre  África e  América Latina, Mendes frisou que "são duas regiões que estão próximas de ter uma certa catástrofe, são duas regiões de risco". Sublinhando que estas duas regiões ainda têm poucos infetados, o social-democrata realçou "os problemas sérios" nomeadamente os sistemas de saúde frágeis, os Estados fracos e a pobreza. 

A Índia, continuou a análise, "é um caso de que não se fala muito", mas sendo o segundo país mais populoso do mundo, "pode ser uma bomba". "Para milhões de pessoas na Índia, o isolamento e o distanciamento social significa uma coisa terrível: fome", alertou, explicando que é por isso que está a acontecer uma "fuga brutal das pessoas das cidades para os campos para evitar a fome". A Índia é, resumiu, "um barril de pólvora em potência". 

Seguindo até à Rússia, Marques Mendes considerou ser um caso "especial" em que há "pouca informação e pouca transparência". "Aparentemente, poucos infetados. Mas tem sobretudo uma preocupação semelhante à China: A Rússia, que tem maus serviços de saúde, tenta fazer política noutros países do mundo, como Itália, tentando ajudar". O objetivo da Rússia é dividir  e ganhar aliados na Europa por causa da Crimeia". 

Chegando a Portugal, o comentador considerou que "dentro de um problema que é sério, temos uma tendência positiva" e que "estamos longe da tragédia da Itália e da Espanha".  Marques Mendes realçou o "reduzido número de internados" e o aumento do número de infetados, nos últimos quatro dias, abaixo dos 10%. "O que mostra que há aqui um balanço positivo, que nos dá esperança", frisou, destacando que as autoridades agiram bem e que os portugueses reagiram bem. "Mas não é tempo de baixar a guarda, nem de facilitar, sob pena de deitar-mos tudo a perder", alertou, em linha com aquilo que o Governo e DGS têm referido diariamente.

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