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Covid-19: A paróquia do Porto que persiste em cumprir "de outra maneira"

Em tempos de pandemia, a Paróquia da Areosa (Porto) volta à máxima que marcou os seus primórdios, em 1979: "não incumpre" as regras, cumpre-as "de outra maneira".

Covid-19: A paróquia do Porto que persiste em cumprir "de outra maneira"
Notícias ao Minuto

09:36 - 03/04/20 por Lusa

País Coronavírus

Sem poder celebrar a missa pascal nos moldes tradicionais, e sem possibilidade de "fazer sair" o Compasso (dar a cruz a beijar aos católicos nas suas casas), a paróquia opta por levar à residência dos seus 1.500 paroquianos, por meios eletrónicos, uma celebração especial de Páscoa.

Não é bem uma "liturgia" (missa), porque "teria de obedecer a um figurino pré-determinado", sendo antes uma "celebração de palavra", porque esse conceito "dá uma certa liberdade de construir a celebração", com contributos videográficos da comunidade local, explica José Maia, padre fundador da paróquia Areosa e atual vigário paroquial.

Também não é um Compasso, mas essa "celebração da palavra" a difundir 'online' incluirá imagens de arquivo associadas, como campainhas a tocar e "grupos da cruz" envergando opas, entre outras.

Quando a paróquia da Areosa foi lançada, a realização do Compasso no Porto estava suspensa, por determinação da Assembleia de Párocos da Cidade. Mas o padre José Maia, enquanto fundador da paróquia e o seu "grupo das ideias malucas" decidiram ir por outra via, no âmbito de uma estratégia para "melhor construir uma nova comunidade católica a partir dos retalhos de quatro outras paróquias".

"Decidimos que não iríamos incumprir as regras, mas cumpri-las de outra maneira, pelo que optámos por fazer sair o Compasso sem ir à casa das pessoas. O Compasso ficou a passar na rua e quem queria descia ao passeio para beijar a cruz", explica José Maia à agência Lusa.

A fórmula, que seria posteriormente reajustada, visou fixar na cidade os paroquianos que iam às aldeias na Páscoa, "porque não abdicavam a tradição de beijar a cruz", sublinhou o padre.

José Maia assinalou que a "celebração de palavra" que a paróquia da Areosa reserva para a atípica Páscoa de 2020 é uma versão enriquecida das que tem vindo a difundir 'online', desde que cessaram os cultos convencionais.

As famílias "têm aderido com entusiasmo à iniciativa, tendo as transmissões em direto, divulgadas nas redes Facebook e Youtube, registando mais de 300 pessoas a assistir", disse o coordenador paroquial, Miguel Araújo, também em declarações à agência Lusa.

As celebrações têm sido difundidas a partir da pequena capela do Santíssimo, mas na Semana Santa passam para a própria igreja.

No templo vão estar apenas quatro ou cinco pessoas, mas na transmissão serão "injetadas" gravações feitas em casa de jovens participantes, sob a coordenação dos catequistas e a colaboração dos pais.

A "telecatequese" é outra das apostas da Paróquia da Areosa nesta fase pandémica, envolvendo 540 crianças locais.

O calendário religioso deste ano fixa a celebração da Páscoa, término da Semana Santa, para o domingo de 12 de abril, mas a hierarquia da Igreja Católica já admitiu condicionamentos face à pandemia do novo coronavírus.

Neste quadro, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou em 20 de março que assumiria as indicações da Santa Sé, dadas nesse mesmo dia, para a Semana Santa e o Tríduo Pascal (5-12 de abril), com suspensão ou adiamento de celebrações comunitárias.

Ainda segundo a CEP, "a celebração dos mistérios litúrgicos do Tríduo Pascal, sem a participação física dos fiéis", deve acontecer "no cumprimento das deliberações das autoridades civis", mas com transmissões "em direto", de modo a poderem ser seguidas pelos fiéis nas suas residências.

Entre outros atos prejudicados em consequência da pandemia fica, desde logo, a tradição pascal do Compasso, em que um grupo paroquial, eventualmente liderado por um padre, vai dar a cruz de Cristo a beijar a casa dos católicos que o desejem.

Um decreto presidencial, aprovado na quinta-feira em Assembleia da República, prolongou o estado de emergência por um segundo período de 15 dias, que vigorará até às 23:59 do dia 17 de abril, incluindo todo o período pascal.

O prolongamento do estado de emergência ocorre numa altura em que, segundo o balanço feito na quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde, em Portugal registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%) associadas ao novo coronavírus, e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera (+9,5%).

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

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