Enfermeiros de lar de Resende fazem turnos 24h. "Estamos abandonados"
Profissional de saúde acusa os meios nacionais de não darem resposta às entidades locais, que estão a fazer tudo o que podem para resolver a situação.
© TVI
País Coronavírus
A Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Resende, distrito de Viseu, está a viver um verdadeiro pesadelo, na sequência da pandemia do novo coronavírus. Tem 22 infetados e 32 funcionários em quarentena.
A falta de meios para dar resposta aos utentes é notória. Há apenas três enfermeiros para todo o lar, que estão, segundo o que um dos profissionais de saúde contou à TVI, a fazer turnos de 24 horas.
“Estamos três enfermeiros em funções em regime de 24 horas com curtos períodos de descanso para conseguirmos dar respostas a todas as necessidades”, começa por contar o enfermeiro do lar, assegurando que o colega que acabou de render “está a atingir o limite das suas capacidades físicas e, essencialmente, mentais para desempenhar as suas funções de forma segura e prestar os melhores cuidados a estes utentes”.
O enfermeiro diz que a instituição ativou o plano de contingência, depois de uma utente deste lar, que tinha 94 anos, ter morrido com Covid-19, mas que os poucos funcionários que estão a trabalhar não estão a conseguir efetuar todo o trabalho que existe.
“Nós não estamos a conseguir dar conta. São demasiadas horas, demasiado trabalho, estamos a atingir o nosso limite, estamos numa fase de loucura. Não temos possibilidade de ser substituídos neste momento porque os nossos recursos estão cada vez mais escassos e vamos chegar a um ponto que, eventualmente, vamos deixar de conseguir dar resposta a estes utentes”, afirma.
O enfermeiro garante que não há problemas com o stock de proteção individual no lar, mas volta a frisar que não há recursos suficientes para cuidar dos utentes e que os funcionários que estão a trabalhar estão a chegar ao seu limite.
“Como devem imaginar é de um desgaste tremendo, coloca-nos sobre risco de erro a cada vez mais a cada dia que passa. Como nós não somos robots, vamos chegar a um ponto que não vamos ser capazes de prestar os devidos cuidados e ser totalmente competentes”, elucida já desesperado.
A falta de respostas para estes funcionários, segundo o profissional de saúde, não é da responsabilidade das entidades locais, mas sim dos meios nacionais.
“Quem tem a capacidade de nos dar resposta, nomeadamente, os meios nacionais, não o está a fazer. As nossas entidades locais estão em articulação connosco, estão a mover todos os esforços possíveis e impossíveis para nos ajudar, mas os meios nacionais não nos dão se quer resposta”, acusa.
Já em jeito de conclusão, o enfermeiro diz que sentimento é de abandono e prevê que, se as autoridades de saúde não derem resposta a este problema, “algo mais grave ainda” possa acontecer. “Estamos completamente abandonados, sem resposta, sem previsão de nada, com uma equipa cada vez mais cansada, quase a atingir o seu limite de desempenho e está muita coisa em risco. Apelo para que alguém se mexa o mais rápido possível de forma a evitar que algo ainda mais grave ainda aconteça”, refere.
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