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Bolhão. Comerciantes afetados por obras ainda não receberam compensações

Os comerciantes afetados pelas obras no quarteirão do Bolhão, no Porto, ainda não receberam as compensações aprovadas em dezembro pela Câmara, que culpam pela situação que vivem atualmente.

Bolhão. Comerciantes afetados por obras ainda não receberam compensações
Notícias ao Minuto

12:14 - 13/02/20 por Lusa

País Porto

"Culpo a câmara a 100%", afirmou, em declarações à Lusa, Alberto Rodrigues, proprietário de uma das lojas mais antigas do Porto - a Mercearia do Bolhão -, situada na Rua da Formosa, no centro da cidade.

O comerciante teve já de recorrer ao pé-de-meia que foi fazendo ao longo da vida para colocar produtos na mercearia. E na tabacaria que possui paredes meias, o negócio não vai melhor.

As obras de construção do Túnel do Bolhão, que começaram no dia 20 de agosto de 2019 e que vão permitir fazer a ligação entre as ruas do Ateneu Comercial do Porto e Alexandre Braga, passando sob a Rua Formosa, obrigaram a alterações à circulação, nomeadamente ao corte do acesso pedonal na Rua da Formosa.

Alberto Rodrigues confessa que, nesta altura, "adormece e acorda a fazer contas" e a contar os dias para a abertura do acesso pedonal, inicialmente prevista para fevereiro, mas que foi mais uma vez protelada, agora para 31 de março, revelou.

"É uma pouca vergonha. A câmara se quisesse resolver esta questão já tinha resolvido", disse, sublinhando que até a "mísera reforma que recebe" está a ser canalizada para pagar as contas e "indemnização nada".

Na mesma rua, as queixas sucedem-se. Mário Martins, responsável pela Casa das Colchas, um negócio da família instalado na Rua da Formosa desde 1983, revelou que, até ao momento, recebeu "zero" do município, sendo que, sublinha, só no mês de janeiro, os prejuízos atingiram os 70%.

"E este mês vai pelo mesmo caminho", afirmou, reiterando que os prejuízos decorrentes das obras de construção do Túnel do Bolhão são "incalculáveis".

A Lusa questionou a autarquia, mas até ao momento sem sucesso.

A proposta de compensação aos comerciantes das ruas de Alexandre Braga e da Formosa, no valor de 360 mil euros, por perdas decorrentes do impacto das obras de requalificação do Mercado do Bolhão, foi aprovada no dia 23 de dezembro, com a abstenção do PSD e do PS.

Naquela reunião de câmara, o presidente da autarquia, Rui Moreira, afirmou que o município fez, neste caso, "um trabalho inovador", antecipando um processo que, no passado, demorava anos e que, quando terminava, muitas vezes, os comerciantes já não estavam cá.

Já os comerciantes acusavam a autarquia de ter decidido tudo "à má fila" para não permitir que contestassem os valores propostos, dizendo que os mesmos eram manifestamente insuficientes.

No caso da Rua da Formosa foram considerados pela autarquia 15 estabelecimentos comerciais, que no total vão receber 304 mil euros. Já no caso dos comerciantes da rua Alexandre Braga vai ser atribuída uma compensação total de 54.800 euros. Nesta rua foram considerados sete estabelecimentos comerciais, sendo que dois destes não vão receber qualquer compensação.

Sérgio Dias, proprietário de um café na Rua Alexandre Braga, também continua à espera da compensação a que tem direito, ainda que lhe tenham assegurado que o ofício iria seguir ainda esta semana.

Sérgio Dias, que assume que não paga à Segurança Social há três meses e teme que, mesmo que a indemnização da autarquia seja paga, ele não a possa receber por causa destas dívidas.

Entre fevereiro e setembro de 2019, Sérgio somava um prejuízo de 40 mil euros e a compensação a que tem direito é de cerca de 10 mil euros.

A obra de construção no chamado Túnel do Bolhão decorre em paralelo com a empreitada de requalificação do mercado, iniciada em maio de 2018 e cujo término foi prolongado por mais um ano, até 2021, devido à necessidade de alterar "o método construtivo".

Questionada pela Lusa, a autarquia revelou na quarta-feira que a nova solução aguarda ainda pronúncia da Direção Geral do Património Cultural (DGPC).

Em dezembro, quando o prolongamento da obra foi anunciado, o presidente da autarquia afirmou que a obra de construção do túnel de acesso à cave não tinha sofrido, desde a sua adjudicação, qualquer atraso, pelo que o trânsito pedonal seria retomado na rua da Formosa em fevereiro e a circulação automóvel reposta em setembro.

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