Portugal tem orientação política de não apoio a movimento indígena
A atriz e ativista brasileira Lucélia Santos classificou hoje, em Lisboa, como "muito frágil" e "indefinida" a posição do Governo português sobre o movimento indígena, afirmando que há uma orientação política de não apoio por causa dos interesses comerciais.
© Reuters
País Brasil
"A postura do Governo português é muito frágil e indefinida em relação ao movimento. Pedi para [Sonia Guajajaraa] ser recebida pelo [Presidente] Marcelo e há uma empatia pela causa indígena, mas há uma orientação do Ministério das Relações Exteriores [Ministério dos Negócios Estrangeiros] para não apoiar, porque há interesses comerciais preponderantes", disse.
Lucélia Santos, ativista e fundadora do Coletivo Alvito, de defesa da Amazónia, falava hoje, em Lisboa, durante uma conferência de imprensa com a líder indígena Sonia Guajajara, que está em Portugal no âmbito de uma digressão europeia da campanha 'Sangue Indígena, Nenhuma gota a mais', que vai passar por 12 países e 18 cidades europeias em 35 dias.
O objetivo da campanha é sensibilizar os parlamentos, líderes políticos, consumidores e sociedade civil dos países europeus para que ajudem a pressionar o Governo brasileiro e as empresas que "estão a promover a destruição da Amazónia" e a formentar as perseguições aos povos indígenas, através da não ratificação do acordo comercial com o Mercosul.
Questionada pela agência Lusa sobre se a existência dessa orientação lhe foi transmitida no contacto que manteve com a Presidência da República, a atriz, que se tornou conhecida em Portugal pelo seu papel na telenovela "Escrava Isaura", adiantou que "ficou claro".
"Eles não querem uma posição igual, por exemplo, à que a França tomou, de confronto com o Governo Bolsonaro, e acho que a embaixada do Brasil aqui teve um peso muito grande nessa negativa", sustentou.
Por isso, Lucélia Santos, que promoveu também hoje o lançamento de um manifesto/petição para levar a defesa da Amazónia a ser debatida no parlamento português, defende que todo o trabalho tem de ser no sentido de "pressionar os parlamentares europeus" dos diversos países e através do Parlamento Europeu para que seja definida uma posição.
"Principalmente Portugal que tem uma história de irmandade com o Brasil. Os interesses comerciais não podem estar acima dos interesses na Nação e do povo brasileiro, dos índios e os povos da floresta", reforçou.
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