Num universo de 7.432 eleitores, 50,1% de votantes e 49,9% de abstenção, o resultado apurado foi assim de 1.604 votos para o PSD, 1.409 para o PS, 370 para o CDS-PP, 133 para o BE e 57 para a CDU. Os votos nulos foram 61 e os brancos 42.
O empresário da construção Manuel Santos vê-se assim reconduzido na presidência da Junta de Freguesia, para a qual já fora o mais votado nas autárquicas de 2017, quando recebeu 1.880 dos 4.507 votos expressos.
Nessa altura, o PSD ficou em posição minoritária na Assembleia de Freguesia, o que ditou a destituição desse órgão quando todos os restantes eleitos e suplentes do PS e do CDS-PP renunciaram aos respetivos cargos, e agora a situação repete-se, com os sociais-democratas a não assegurarem a maioria absoluta por uma diferença que fonte da autarquia situou em "apenas 20 votos".
Em declarações à Lusa, Manuel Santos confessa "alguma pena por não ter atingido a maioria absoluta, o que garantiria mais tranquilidade à gestão", mas admite que "uma vitória é sempre uma vitória".
O autarca manifestou-se convicto de que a partir de hoje "será mais fácil governar a freguesia porque os outros partidos vão ter que respeitar a decisão do povo, que voltou a escolher o PSD".
Quanto aos procedimentos que estiveram na origem das renúncias de PS e CDS, Manuel Santos afirmou que "os recibos dos pagamentos [efetuados pela Junta] já estão em condições há muito tempo e nunca foram o problema. A oposição é que queria subir ao poder à viva força e arranjou esse argumento - e se não fosse pelos recibos, tinha sido por outra coisa qualquer".
A prioridade do renovado Executivo é agora "avançar com os contratos que não se podiam assinar" desde fevereiro, quando a freguesia ficou sob a gestão administrativa de uma comissão provisória, e concretizar intervenções como "o alargamento de ruas, a instalação de tapete betuminoso nas estradas e a melhoria da limpeza pública".
Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal da Feita, também se mostrou satisfeito com "um resultado que confirma que o eleitorado da freguesia continua a querer o PSD à frente da Junta".
O autarca lamenta que os sociais-democratas o se tenham ficado aquém dos votos necessários para assegurar a maioria absoluta, "sobretudo quando foi por uma margem tão pequena como 20 votos", mas concorda com Manuel Santos ao defender que o relacionamento local entre os partidos "agora vai ser diferente e melhorar, para o Executivo PSD poder concluir devidamente o seu mandato".
As eleições que hoje se realizaram em Argoncilhe foram convocadas após a renúncia de todos os eleitos e suplentes do CDS e PS da respetiva Assembleia de Freguesia, na sequência de críticas à má gestão da Junta liderada pelo PSD, nomeadamente devido à aquisição de serviços sem emissão dos respetivos recibos.
O então Executivo da Junta confirmou o facto, referindo que em causa estavam trabalhos como a limpeza de sanitários públicos, casa mortuária e parque de lazer", e serviços como os de coveiro e porteiro no cemitério.
O PS denunciou o caso ao Ministério Público, que confirmou a ilegalidade desses procedimentos sem comprovativo oficial, mas não avançou para queixa-crime porque os valores em causa eram inferiores a 15.000 euros.