Miguel Costa Gomes está em prisão domiciliária desde que foi constituído arguido no âmbito da Operação Teia por ser suspeito da prática dos crimes de prevaricação e corrupção passiva. Além da utilização da pulseira eletrónica, o tribunal proibiu o autarca de comunicar com os funcionários da autarquia.
Em entrevista à RTP, o autarca revelou que vai ser substituído no cargo pela vice-presidente Maria Armandina Saleiro, na sequência do requerimento de substituição que o seu advogado entregou esta terça-feira. Não obstante, Costa Gomes não colocou de lado a hipótese de vir a renunciar ao cargo, como fez o autarca de Santo Tirso, também arguido neste processo.
“É evidente que, se por alguma razão, não puder exercer o cargo em nenhuma circunstância, com certeza ponderarei a renúncia ao mandato”, afirmou Costa Gomes sublinhando, mais do que uma vez, que está “completamente inocente”.
Nesta senda, o autarca agora substituído no cargo diz que é “totalmente falso” que tenha pedido ao outro arguido Joaquim Couto (ex-autarca de Santo Tirso) que intercedesse por ele junto do partido, tal como, garante, também não corresponde à verdade que Joaquim Couto lhe tenha pedido para contratar os serviços da empresa da mulher, Manuela Couto, que também é arguida no mesmo processo.
Nunca. Quanto mais sagrado é! Nunca o Joaquim Couto me falou numa coisa dessas. Era raro falar com o Joaquim Couto, nunca. Isso é claro e é a verdade
Costa Gomes explicou que a relação entre a autarquia e a empresa de Manuela Couto começou por ser dirigida pelo seu ex-vice-presidente e que só depois de Domingos Pereira ter deixado o Executivo municipal é que começou a contactar com a empresária, tendo decido manter a “relação de trabalho, de confiança” até porque “não havia razão nenhuma para cortar o serviço”.
Ainda em entrevista à RTP, o empresário garantiu que “o que está aqui em questão é o poder local e a democracia”.
“Eu faço parte de uma peça, mas isto faz parte de uma conspiração para atirar a democracia abaixo”, apontou, admitindo ter “consciência” do julgamento feito em praça pública.
Tenho consciência que estou condenado na praça pública, antes da justiça, mas é à justiça que compete averiguar. Mas todos nós, os autarcas, somos condenados [na praça pública]. Ouve-se de forma muito leviana que os autarcas são todos corruptos e isso é falso
Para terminar, Costa Gomes respondeu a Luís Marques Mendes que, no domingo, considerou este caso, "por um lado, uma anedota caricata, mas por outro, uma vergonha para o município de Barcelos e um desprestígio para a política em geral”.
“Não envergonho [a classe política] e farei a sua defesa, dos autarcas e da democracia. Trabalho há 42 anos, sou empresário e oferecerei os salários que estou a receber a uma instituição de solidariedade social. Não quero nada que não mereço. Não quero nada a que não tenho direito”, terminou.