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"Ninguém tem o direito de criar ilusões aos professores"

O primeiro-ministro reiterou a ideia de demissão caso o diploma que obriga à contabilização do tempo integral de serviço dos professores seja aprovado.

"Ninguém tem o direito de criar ilusões aos professores"
Notícias ao Minuto

20:58 - 06/05/19 por Natacha Nunes Costa

Política António Costa

António Costa reiterou, esta segunda-feira, numa entrevista dada à TVI, que o Governo "não tem outro remédio" que não demitir-se caso o diploma que obriga à contabilização do tempo integral de serviço dos professores seja aprovado. 

Contudo, o primeiro-ministro diz que aguarda "serenamente" pela votação final global do diploma porque tem visto o PSD e CDS "dizer um pouco de tudo e o seu contrário" sobre a lei dos docentes.

O chefe do Governo recordou que nos últimos dias foi "insultado de tudo" e rejeitou, ao contrário do que lhe acusam,  a intenção de provocar uma crise política.

"A última coisa que um primeiro-ministro deseja é demitir-se e que haja uma crise política. Eu não procurei arranjar uma crise política, procurei evitar uma crise orçamental e procurei evitar uma crise na credibilidade internacional do Estado português", explicou.

Perante tais acusações, Costa apontou o dedo ao CDS e o PSD. "O que eu acho é que ninguém tem direito nem a procurar criar ilusões aos professores, mentir aos professores sobre o que é que está em causa, nem enganar os portugueses. Todos temos o dever de ser claros e é isso que eu procuro fazer porque, como toda a gente sabe, sou uma pessoa de compromissos, que me esforço para encontrar soluções", garantiu, acrescentando que o que a Direita fez com uma "irresponsabilidade" que poderia trazer graves consequências para o Estado português.

António Costa não esconde que o que deseja é que o anunciou e que "não haja qualquer alteração ao decreto-lei que o Governo aprovou, e que se mantenha aquilo que é compatível com a capacidade orçamental do país, que permita assegurar aos professores o mesmo tratamento que se assegura aos militares das forças armadas, GNR, magistrados e oficiais de justiça e manter a credibilidade internacional do país".

Já sobre as acusações de ter sido o seu Governo a 'abrir a caixa de Pandora' aos professores, dando-lhes a esperança de reaver integralmente os nove anos e quatro meses e dois dias de serviço congelados durante a crise, o primeiro-ministro não respondeu diretamente.

"Quando apresentamos o nosso programa [do Governo] há três anos e meio, muitas pessoas acharam que não era possível. Nós apresentámos com confiança porque tínhamos avaliado cada medida com conta, peso e medida e sabíamos o que é que podíamos fazer e o que é que não podíamos", preferiu salientar, adiantado que "descongelar não significa recuperar o tempo que esteve congelado".

António Costa assegurou ainda que tem "um grande respeito pelos professores" e que sabe "bem como, durante décadas, sucessivos Governo criaram ilusões" a estes profissionais, mas sublinha que não pode dar o que os sindicatos pedem, mesmo sabendo os riscos que corre.

"Eu não faço isso. Podem votar todos contra mim, olhe, tenho pena [...]. Não vou criar ilusões a dizer que vou devolver a integralidade do tempo, porque eu sei que só não vou eu, como não vai ninguém. E, não vai, não é este ano, nem no próximo, nem daqui a 10 anos, porque financeiramente não é possível fazer isso", realçou.

Recorde-se que, na passada sexta-feira, António Costa ameaçou que se demitia depois de, na noite de quinta-feira, a comissão parlamentar ter aprovado a contagem integral dos nove anos, quatro meses e dois dias de tempo de serviço congelados aos professores, com votos contra do PS  e apoio de todas as restantes forças políticas.

A votação final em plenário no Parlamento deve acontecer até 15 de maio, quando a Assembleia da República interromper os trabalhos devido ao arranque da campanha para as eleições europeias. Quanto a uma possível demissão do chefe do Executivo, esta teria de ser aceite pelo Presidente Marcelo que poderia (ou não) decidir convocar eleições.

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