Foi na semana passada que Carlos Aguiar, professor de botânica do Instituto Politécnico de Bragança, partilhou no Facebook uma fotografia daquilo que lhe parecia uma pegada de urso pardo. A acompanhar a imagem, a legenda: “Confirmada a presença de ursos (Ursus arctos) divagantes no Barroso (norte de Portugal)".
Sendo as redes sociais terreno fértil para a proliferação de dúvidas que, partilhadas umas quantas vezes, se tornam em (in)verdades, a dúvida ficou no ar: Há ou não ursos pardo no nosso país, quando se pensava que a sua presença no território português remontava a finais do século XIX?
Em resposta ao Notícias ao Minuto, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) diz que "não há evidências materiais inequívocas da ocorrência de urso pardo em Portugal” e que “não há, seguramente, em território nacional a presença regular de uma de população desta espécie”.
No entanto, o nordeste do país pode ser visitado ocasionalmente por “indivíduos dispersantes” da população do Norte de Espanha, nomeadamente da Cordilheira Cantábrica, explica o ICNF, realçando que em Espanha, e nas últimas décadas, “foram registados movimentos de indivíduos [ursos pardo] em áreas próximas do distrito de Bragança em concreto do Parque Natural do Montesinho”.
Resumindo, a haver ursos pardo em Portugal serão animais dispersantes de uma população de Espanha que, por cá, se poderão passear de vez em quando, sendo que apenas está confirmada a sua passagem no Parque de Montesinho, junto à fronteira. A sua presença no Barroso, por outro lado, não está provada.