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Britânica violada no Algarve dá a cara e descreve pesadelo vivido por cá

O violador foi condenado a quatro anos e meio de pena suspensa e a pagar uma indemnização de cerca de 2 mil euros.

Britânica violada no Algarve dá a cara e descreve pesadelo vivido por cá
Notícias ao Minuto

11:10 - 25/02/19 por Natacha Nunes Costa

País Justiça

Quando viajou para o Algarve, na companhia de vários amigos, para ir a um festival de música no Algarve, em abril de 2017, Kate Juby, uma jovem britânica de 23 anos, estava longe de pensar que a sua vida iria mudar para sempre. O que parecia uma aventura de sonho transformou-se num pesadelo, ao ser violada duas vezes por um homem que lhe ofereceu boleia para o aeroporto de Faro.

Ao fim de dois anos, Kate decidiu dar a cara e divulgar a sua história ao jornal britânico Mirror para ajudar outras vítimas que estejam a passar pelo mesmo e para mudar o sistema jurídico português, porque, garante a jovem, as violações foram apenas o começo de um grande pesadelo.

Tudo começou no último dia de viagem. Kate estava de regresso a casa, no Reino Unido, e precisava de boleia de Aljezur até ao Aeroporto de Faro. Foi até à beira da estrada e esperou que um dos carros parasse. Até que um motorista de reboque de automóveis parou e garantiu que a deixava em Faro.

Alguns minutos depois, o homem, de 33 anos, seguiu por uma estrada secundária até uma zona erma. Saiu do veículo e começou a chamá-la.

“Ele saiu e disse ’vem bebé’. Quando viu que eu não saia do veículo, arrastou-me para fora”, conta em entrevista ao Mirror.

A partir daí Kate fez uma viagem pelo inferno. Foi violada duas vezes com “brutalidade” e, enquanto ela pedia misericórdia, ele continuava a chamá-la de bebé.

“Pensei que ia morrer, enquanto ele me violava eu só pedia: ‘Por favor não me mate’. Ele continuou a chamar-me bebé, o que é repugnante e horrível. Eu apenas gritava. Quando ele me me deixou, apanhei a minha mochila e corri”, revela.

Quando Kate chegou à estrada principal, um casal alemão parou o carro e percebeu o que tinha acontecido. Embrulharam-na num cobertor e chamaram a polícia. E aí começou outro pesadelo.

No Hospital de Portimão, Kate diz que a amarraram e tiraram-lhe as roupas à força enquanto o médico lhe dizia para parar de chorar.

“Prenderam-me a uma cama, tiraram as minhas roupas. O médico disse para eu parar de chorar, para deixar de ser uma bebé e para crescer. Deram-me duas injeções sem nunca me dizerem o que era. Tiraram-me sangue, o ADN, sempre a segurarem-me à força e a dizerem para eu não fazer barulho e não chorar. O médico foi mesmo cruel comigo. Foi horrível”, acusa a britânica.

O Notícias ao Minuto entrou em contacto com o Hospital de Portimão para obter um esclarecimento, aguardando uma resposta.

A britânica conta ainda que de seguida foi encaminhada para a Polícia Judiciária (PJ) de Portimão, onde garante que só lhe deram um copo de água ao final de várias horas e teve de esperar outras tantas para telefonar à mãe, que estava em Suffolk, no Reino Unido.

Depois do telefonema para os pais, que a jovem descreve como “o momento mais difícil” de toda a sua vida, e apenas seis horas depois de ser violada, Kate teve de identificar o seu agressor, enquanto este sorria, no meio de outros suspeitos, do outro lado do vidro nas instalações da PJ.

Algumas horas mais tarde, Kate viajou sozinha para Essex onde se encontrou com a mãe. Durante uma semana, não saiu da cama. Desistiu do curso, começou a fazer terapia, mas mesmo assim continua a ter pesadelos, não consegue estar sozinha e atravessa a rua quando vê homens.

Vários meses depois, decidiu levar o violador a julgamento. O advogado de Defesa ainda tentou o acordo, mas Kate queria justiça. Contudo, segundo a jovem, isso não aconteceu.

“Ele admitiu a culpa, mas foi condenado a quatro anos e meio de pena suspensa, pagou uma indemnização de 2 mil euros, e saiu do tribunal a sorrir de braço dado com a mulher”, diz, chocada com a sentença que considera ser "injusta".

Kate doou a indemnização a uma instituição de solidariedade portuguesa e admite que vai recorrer da sentença para mudar o sistema jurídico português, mas também para ajudar as pessoas que passam pelo mesmo que ela.

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