Homem confessa ter matado funcionário de área de serviço à facada

O homem acusado de ter matado à facada um funcionário da área de serviço de Vendas Novas da A6, distrito de Évora, no ano passado, confessou hoje em tribunal a autoria dos crimes e declarou estar arrependido.

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Lusa
24/01/2019 14:50 ‧ 24/01/2019 por Lusa

País

Vendas Novas

Fernando Trindade, de 35 anos, assumiu os factos que constam na acusação na primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Évora, após ouvir um resumo da acusação lido pelo presidente do coletivo de juízes que está a julgar o caso.

Detido preventivamente no hospital prisional de Caxias, em Oeiras (Lisboa), o arguido, que possui um transtorno bipolar, está acusado pelo Ministério Público (MP) dos crimes de homicídio qualificado e detenção de arma proibida.

O caso remonta a 4 de abril de 2018 e a acusação refere que Fernando Trindade matou com uma navalha Jesuíno Bombico, de 52 anos, na área de serviço de Vendas Novas da Autoestrada 6 (A6), no sentido Marateca - Évora, onde a vítima trabalhava, desferindo "cerca de 70 golpes em todo o corpo".

Na primeira sessão do julgamento, o arguido contou que, naquela noite, saiu de casa para beber café numa bomba de combustíveis de Setúbal e dar "uma volta para apanhar ar" e, sem saber explicar o motivo, seguiu em direção à área de serviço de Vendas Novas da A6.

Fernando Trindade disse ter visto então um carro atrás do seu e pensou que o estavam a perseguir para lhe "tentar bater", tendo virado para a área de serviço de Vendas Novas para "meter gasóleo" e onde acabou por permanecer por "medo".

Natural de Elvas (Portalegre) e a residir em Setúbal, o alegado homicida referiu que, depois de abastecer o seu carro, observou um outro veículo, pensou que era o que o tinha perseguido anteriormente e furou-lhe os pneus com uma navalha.

O arguido afirmou inicialmente que, mais tarde, a vítima dirigiu-se a si e começaram "uma luta", tendo puxado da navalha, mas, depois de questionado pela procuradora do MP, admitiu que Jesuíno Bombico não o agrediu.

Fernando Trindade reconheceu que tinha deixado de tomar a medicação e que sem ela sofre surtos psicóticos com mais frequência, acrescentando que o que sentiu naquele dia foi uma alucinação, a qual agora "já não faz sentido".

"Estou arrependido", mas já "não posso voltar atrás", vincou, indicando que só passado uma semana do homicídio é que tomou consciência do que tinha feito.

Em declarações aos jornalistas no final da primeira sessão, o advogado da família da vítima, Vivaldo Palminha, notou que "foram dispensadas as testemunhas que faziam parte da acusação", depois de o arguido ter confessado os factos de que estava acusado.

"Vamos só ouvir as testemunhas de defesa e, depois, vamos ver se [o arguido] é considerado inimputável, tudo indica que sim, e sujeito a uma medida de internamento", realçou, assinalando que a família sente "uma revolta muito grande dada a brutalidade com que foram praticados os factos".

Já a advogada Sandra Vinagre, que representa o arguido, considerou que o julgamento está a decorrer "dentro do expectável", escusando-se a revelar se a estratégia da defesa vai apostar na inimputabilidade de Fernando Trindade.

 

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