Francisco Moreira, responsável pela cátedra, referiu que os impactos mais frequentes são a colisão ou a eletrocussão de aves,
"O impacto potencial sobre as populações de aves é um exemplo de uma área de investigação que desenvolvemos", disse o investigador, salientando que o objetivo é "minimizar impactos, fazer recomendações dos procedimentos mais corretos, mais eficazes, e, eventualmente, potenciar alguns impactos positivos".
Francisco Moreira, do CIBIO-InBio, da Universidade do Porto, falava à Lusa no âmbito da apresentação das atividades realizadas nos últimos três anos por 13 investigadores da Cátedra REN em Biodiversidade, que estudaram o impacto das infraestruturas elétricas nas aves.
Segundo explicou, há maneiras de evitar a colisão das aves com os cabos de linhas elétricas, desde logo no planeamento das linhas ou, caso isso não seja possível, através da instalação de dispositivos anticolisão.
Trata-se de equipamentos que são colocados nos cabos para que se tornem mais visíveis para as aves.
"Esses dispositivos são eficazes, no entanto, a variabilidade da sua eficácia é muito grande, nalguns locais e nalgumas espécies resultam, noutros não. Tentamos perceber o que é que faz com que essa variabilidade exista", sustentou
Outro exemplo do trabalho que está a ser desenvolvido no âmbito da Cátedra REN relaciona-se com as cegonhas.
"Atualmente, 25% das populações de cegonhas constrói os seus ninhos nos postes das linhas elétricas. Perceber quais são os prós e contras e o resultado a nível populacional, é uma das áreas de investigação que temos desenvolvido", acrescentou.
O responsável pelo departamento Qualidade, Ambiente e Segurança da REN, Francisco Parada, explicou à Lusa que, com base na informação do CIBIO, a empresa "alterou formas de monitorizar, de trabalhar no campo da biodiversidade e permitiu um diálogo mais fácil e mais direto" entre todas as entidades envolvidas nesta temática.
Por outro lado, sublinhou, o trabalho já desenvolvido permitiu "olhar para a nossa infraestrutura não só na perspetiva dos impactos negativos, mas também na perspetiva dos impactos positivos, no sentido de promover e criar refúgio para a biodiversidade".
Ou seja, "queremos perceber que políticas e estratégias de manutenção é que temos de alterar por forma a minimizar os potenciais impactos da nossa atividade", disse.
O objetivo deste 2.º Simpósio, que se realizou na Fundação de Serralves, no Porto, foi apresentar as novas abordagens da gestão da avifauna e a sua interação com as linhas elétricas, a otimização das metodologias de monitorização de espécies protegidas, os resultados e tendências da análise de metadados de 15 anos de monitorização da avifauna e a criação de ciência aplicada nas empresas.
A Cátedra REN é uma iniciativa da REN com a Fundação para a Ciência e Tecnologia -- FCT e o CIBIO-InBIO, que pretende aprofundar o conhecimento científico na área da biodiversidade, dar a conhecer os casos de sucesso neste âmbito, bem como criar proximidade entre as universidades e as empresas.