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Câmara do Porto estudará propriedade de terrenos na escarpa da Arrábida

O presidente da Câmara do Porto decidiu hoje, com base numa recomendação do PS, pedir aos serviços que investiguem a titularidade de terrenos registados por usucapião, designadamente aqueles onde decorre uma obra na escarpa da Arrábida.

Câmara do Porto estudará propriedade de terrenos na escarpa da Arrábida
Notícias ao Minuto

11:24 - 08/05/18 por Lusa

País Rui Moreira

Na reunião camarária pública de hoje, o independente Rui Moreira deu à vereadora que tutela os serviços jurídicos indicações para pedir, "com urgência, uma avaliação à dominialidade [titularidade] dos terrenos", para avaliar se é pública ou privada a propriedade onde decorre a empreitada que a Procuradoria-Geral da República revelou estar a ser investigada pelo Ministério Público.

A sugestão do PS ia no sentido de uma investigação mais vasta a vários registos por usucapião [registo pelo uso durante determinado tempo] e, nesse sentido, Rui Moreira defendeu propor ao Governo ou à Assembleia da República uma alteração à lei para que, em caso de recurso à figura de usucapião, as autarquias sejam "obrigadas a pronunciar-se".

Quanto à avaliação mandada fazer pelos serviços, Rui Moreira aceitou a sugestão do PS de fazer um estudo semelhante ao que aconteceu no caso Selminho, em que os serviços descobriram ser da câmara uma parte dos terrenos da escarpa da Arrábida onde a empresa do presidente da autarquia pretende construir.

A questão avançou para tribunal, que marcou para outubro o início do julgamento do processo cível sobre a parcela de 1.661 metros quadrados que integra a área apresentada para construção pela Selminho, que um técnico municipal concluiu ser camarária.

Relativamente à empreitada em curso, decorre na base da escarpa, a jusante da Ponte da Arrábida, Monumento Nacional desde 2013 mas ainda sem a Zona Especial de Proteção (ZEP) prevista na lei para condicionar intervenções urbanísticas, vigorando uma zona geral de proteção de 50 metros.

Está em causa um "prédio com seis pisos", a que mais tarde se deverá juntar "outro com 16 andares", num total de 81 fogos, segundo o promotor.

Rui Moreira lembrou que, "em 2001, havia dúvidas sobre a propriedade do terreno, mas a câmara aprovou definir que os terrenos eram privados".

Notando que, "depois dessa deliberação", pouco mais a autarquia poderá fazer, o presidente da câmara concordou com a investigação.

"Podemos ir ao processo e pedir uma análise. Vou dar instruções para que seja pedida com urgência uma avaliação para perceber se estamos tranquilos e confortáveis", afirmou.

Questionado pelo socialista Manuel Pizarro sobre se a Câmara do Porto foi contactada pelo MP sobre o caso, Rui Moreira disse que não.

A agência Lusa noticiou a 26 de abril que uma parte dos terrenos em construção na escarpa da Arrábida foi em 1996 registada por usucapião por um casal que alegou nunca ter formalizado a compra feita 20 anos antes "por desconhecer o paradeiro dos vendedores".

O casal invocou "usucapião" devido à "impossibilidade de comprovar a propriedade do imóvel" e, um ano mais tarde, "retificou" o registo dizendo que adquiriu o terreno a "José Pereira Zagallo", o empreiteiro da ponte da Arrábida, construída entre 1957 e 1963.

Em 1998 o terreno, de 4450,5 metros quadrados, foi vendido à Imoloc.

Em 2001, a promotora tirou deste lote 1.574 metros quadrados para ceder à Câmara do Porto, em troca de 336,3 metros quadrados municipais e de mais 11.246,3 metros quadrados da escarpa, que eram alvo de um "conflito de interesses" entre a autarquia e a imobiliária, por dúvidas sobre a sua "titularidade".

Segundo o cadastro da Conservatória do Porto, em dezembro de 1996, o mesmo casal permutou com a Imoloc outra das parcelas de terreno onde decorre a construção, com uma área de 7.390 metros quadrados.

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