"Apenas podemos considerar que são os preparativos para uma nova guerra", declarou em comunicado o ministério dos Negócios Estrangeiros, ao alertar para uma "perigosa escalada" da situação na Ucrânia e "consequências imprevisíveis para a paz e a segurança no mundo".
O parlamento de Kiev aprovou hoje uma lei sobre os territórios "ocupados" no leste do país que admite o recurso à força militar naquela região controlada pelos separatistas locais pró-russos.
O texto, adotado por 280 votos a favor após intensos debates, designa as regiões leste de Donetsk e Lugansk como "temporariamente ocupadas" pelo "país agressor", a Rússia, e admite o uso da força militar para que regressem ao controlo da Ucrânia.
"Kiev enterra desta forma os acordos de Minsk e todos os mecanismos de que dispomos para procurar soluções mutuamente aceitáveis para a resolução da crise ucraniana", acusa a diplomacia russa.
A deliberação do Parlamento ucraniano prevê que o ministério do Interior elabore um plano para a recuperação desses territórios até garantir "a ausência completa de militares russos", apesar de a decisão final recair sobre o Presidente, Petro Poroshenko.
De acordo com a nova lei, está prevista a criação de uma Sede operativa conjunta das Forças Armadas da Ucrânia para "contrariar a agressão russa", e garantir a soberania do Estado e a segurança nacional, mas sem qualquer alusão aos acordos de paz.
O conflito no leste foi desencadeado em abril de 2014, após a anexação russa da Crimeia, com um balanço de 10.000 mortos. Um acordo de paz firmado em 2015 contribuiu para a redução das hostilidades, mas continuam a registar-se confrontos armados ao longo da linha da frente.
A lei não faz referência ao acordo de paz de Minsk, patrocinado pela França e Alemanha, e que constrange Kiev a aprovar legislação que garanta uma ampla autonomia para as regiões separatistas, e uma amnistia para os rebeldes.
A maioria das forças políticas ucranianas opôs-se firmemente à aplicação destas medidas.