Paul Otchakovsky-Laurens, que também divulgou autores como Emmanuel Carrère, Marie Darrieussecq ou Camille Laurens, "morreu num acidente de viação", na terça-feira, disse à AFP o responsável de comunicação da P.O.L., Jean-Paul Hirsch.
As reações emocionais sucederam-se nas redes sociais: "Um editor muito grande, descobridor de tantos talentos, a França deve-lhe a casa P.O.L.. A minha tristeza é imensa, perdi um amigo querido, os meus pensamentos vão para a sua mulher e para toda a sua equipa P.O.L.", escreveu o ministro da Cultura Francesa, Nyssen, no Twitter.
Nascido em 1944, em Valréas, no sul de França, Paul Otchakovsky-Laurens começou sua carreira na edição como estagiário na editora Christian Bourgois em 1969, antes de passar para a editora Flammarion, em 1970.
Foi em 1977 que as três letras P.O.L., suas iniciais, se tornaram o acrónimo da coleção que criou na casa editorial Hachette, publicando vários textos de Georges Pérec, incluindo "La vie mode d'emploi" ("A vida modo de usar"), um ano depois.
Em 1983, transformou a P.O.L. numa casa de edição independente, publicando "The Book of the Skies", de Leslie Kaplan, e "L'Invention du corps de saint Marc", de Richard Millet.
A sua editora publicou também um conjunto de cantigas trovadorescas galaico-portuguesas -- "Troubadours galego-portugais. Une anthologie" -, textos escolhidos, traduzidos e apresentados por Henri Deluy, justificando a opção editorial com o facto de os trovadores galego portugueses ocuparem um lugar de destaque na história da arte trovadoresca, com as cantigas de amor, cantigas de amigo e cantigas de escárnio e maldizer.
As capas dos livros são imediatamente reconhecíveis com as três letras maiúsculas e pontos azuis sobre um fundo branco.
P.O.L tem o seu primeiro sucesso editorial em 1985, com a publicação de "La douleur" ("A dor"), de Marguerite Duras, a que se seguiu, da mesma autora, "La pluie d'été" ("Chuva de verão"), em 1990.
Na década de 90, a editora conheceu um grande crescimento com a publicação de jovens autores bem-sucedidos, como Marie Darrieussecq, com "Truismes" ("Estranhos Perfumes -- História de uma Metamorfose"), ou Martin Winckler, com "La maladie de Sachs".
Desde então, foram adicionados ao catálogo outras apostas que se confirmaram mais tarde serem nomes de valor, como Emmanuel Carrère, descoberto com "L'adversaire", em 2000, ou Atiq Rahimi, vencedor do Prémio Goncourt com "Syngué sabour. Pierre de patience", em 2008.
Apaixonado pelo cinema, Paul Otchakovsky-Laurens realizou um documentário no final de 2017, "Editeur", no qual contou "a história de sua vocação".
Tendo recentemente confessado ao jornal Le Monde que publicar os livros dos outros lhe "salvou a vida", Paul Otchakovsky-Laurens considerou que, na literatura, "a mais bela história do mundo não interessa se não for contada de uma forma que a exprima e a transcenda".