Naquela que foi a sua primeira visita à Áustria como ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Sigmar Gabriel foi hoje recebido em Viena pelo seu homólogo austríaco, Sebastian Kurz.
Durante o encontro, os dois governantes destacaram os laços de vizinhança que unem os dois países e juntaram as vozes para pedir uma redução do excesso de burocracia que afeta a União Europeia (UE) e uma valorização dos princípios de união dos Estados-membros.
Mas, Sigmar Gabriel rejeitou a ideia avançada por Sebastian Kurz sobre a criação, a curto e médio prazo, em países do norte de África, como a Líbia ou o Sudão, de campos para refugiados que chegam em massa à Europa.
O chefe da diplomacia alemã também afastou a possibilidade da Tunísia ser capaz de responder a uma concentração em massa de migrantes, alertando que tal situação poderia ser "desestabilizadora" para um país que luta para manter uma frágil democracia.
Sebastian Kurz é popular na Áustria devido à linha dura que defende em relação às questões migratórias.
Na conferência de imprensa conjunta com o homólogo alemão, Kurz citou o sucesso do acordo UE-Turquia, firmado em março de 2016, que conseguiu reduzir o fluxo de migrantes para dentro da Europa, sobretudo o número de chegadas através da rota do Mediterrâneo oriental, entre as costas turcas e a Grécia.
Entre outros aspetos, o acordo com Ancara previa que todos os migrantes que entrassem ilegalmente na Grécia fossem devolvidos para o território turco.
Para o ministro austríaco, este acordo poderá servir como modelo para possíveis e futuros acordos com a Líbia ou outros países do norte de África.
Sigmar Gabriel salientou, no entanto, que tal comparação era ilusória, argumentando que o caos e a anarquia que marcam a realidade da Líbia condenam tal acordo.
"Temos um Estado na Turquia, seja qual for a nossa opinião sobre ele", disse o ministro alemão aos jornalistas.
"Não é assim na Líbia", concluiu Sigmar Gabriel.