Segundo disse ao jornal The Washington Post o jornalista Joshua Prager, que está a trabalhar num livro sobre a mulher que passou de pró a antiaborto e estava com ela e com a sua família aquando da morte, num lar texano, McCorvey sofria há algum tempo de problemas cardíacos.
Sob o pseudónimo "Jane Roe", Norma McCorvey liderou o processo legal que acabaria por levar o Supremo Tribunal dos Estados Unidos a reconhecer o direito constitucional a interromper uma gravidez.
Nessa altura, McCorvey tinha 22 anos, era solteira e estava grávida pela terceira vez, quando, em 1969, quis interromper a gravidez no Texas, onde o aborto era ilegal, salvo em caso de risco de vida para a mulher. McCorvey acabaria por dar à luz uma menina, que deu para adoção.
O processo a que deu início, conhecido como "Roe vs. Wade", levou o assunto ao Supremo Tribunal, que, em 1973, reconheceu que o Estado não podia interferir na decisão de uma mulher em recorrer ao aborto durante os primeiros meses de gravidez.
McCorvey só revelou ser "Jane Roe" na década de 1980, durante a qual foi uma fervorosa adepta da liberdade de escolha e do direito à interrupção voluntária da gravidez.
Anos mais tarde, em 1995, McCorvey acabaria por se converter à fé evangélica, cativada pelo reverendo Philip Benham, que montou um grupo antiaborto mesmo ao lado da clínica de Dallas que realizava interrupções voluntárias da gravidez onde ela trabalhava.
"Não acredito no aborto, mesmo em situações extremas. Se uma mulher engravidar de um violador, não deixa de ser uma criança", disse McCorvey à Associated Press, em 1998.
McCorvey converteu-se depois ao catolicismo e não mais se desligou do movimento antiaborto que, a cada 22 de janeiro, data da histórica decisão judicial, realiza uma marcha pedindo a revogação da lei.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, durante a campanha, que apoia essa pretensão, defendendo que a decisão sobre o aborto volte a caber a cada estado.