O vice-presidente do parlamento, Ioannis Dragassakis, deputado do partido de esquerda Syriza, que dirigia a sessão parlamentar sobre questões de atualidade ordenou a “exclusão” de Panayiotis Iliopoulos, deputado do Aurora Dourada que depois de ter provocado o parlamento com insultos ao Syriza e aos deputados em geral gritou três vezes “Heil Hitler” quando abandonava a sala na companhia de outros deputados do partido de extrema-direita.
De acordo com a AFP, as imagens de televisão que captaram o momento indicam que Iliopoulos foi o autor dos gritos e não Christos Papas, considerado um dos ideólogos do Aurora Dourada e que recentemente fez publicamente a apologia do nazismo e de Hitler.
Iliopoulos provocou o incidente inicial no parlamento ao ironizar que “Alexis (Tsipras) dorme o sono dos justos e que sonha em ser o primeiro-ministro” durante o debate parlamentar, uma hora antes de ter sido expulso.
O presidente em exercício, membro do Syriza, partido liderado por Alexis Tsipras, pediu-lhe primeiro para se comportar de forma digna e ameaçou o deputado de extrema-direita com a possibilidade de vir a adotar medidas mais duras de acordo com as normas parlamentares.
“O Syriza é um bando patético”, afirmou então Iliopoulos quando os deputados de esquerda, que classificou de “rebanho de cabras”, aplaudiram a repreensão do vice-presidente do parlamento.
Após os insultos, o presidente em exercício do parlamento ordenou então a retirada do deputado e de todo o grupo parlamentar do Aurora Dourada.
“Esta medida é muito rara, há vinte anos que não era utilizada”, disse à AFP um responsável pelos serviços de imprensa do parlamento grego.
Com um discurso político claramente xenófobo e anti-semita, o Aurora Dourada utiliza como símbolo um emblema muito parecido com a cruz gamada dos nazis e foi pela primeira vez eleito para o parlamento grego em junho de 2012 tendo conseguido sete por cento dos votos, atingindo os 18 deputados.
A assembleia já tinha suspendido em outubro de 2012 a imunidade parlamentar a Iliopoulos e a outro deputado do Aurora Dourada, Yorgos Germanis, acusados de ataques contra imigrantes.
Após críticas do Conselho da Europa e de organizações de direitos humanos e do Congresso Mundial Judaico contra o Aurora Dourada, a polícia grega criou recentemente um serviço de luta contra o racismo.
O Ministério da Justiça grego está a tentar elaborar um projeto de lei para reforçar o arsenal jurídico do país contra o racismo e o “negacionismo”, que provoca uma forte polémica entre a direita e a esquerda no país.
Os gregos, que conseguiram enfrentar a invasão das tropas de Mussolini em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, foram alvo da “Operação Marita” lançada pela Alemanha nazi em abril de 1941, que obrigou à retirada das forças expedicionárias britânicas e à ocupação do país até outubro de 1944, data em que os alemães e os aliados búlgaros saíram do país.
De acordo com historiadores, mais de 60 mil gregos foram executados por alemães, italianos e búlgaros, além da deportação de judeus e da grande fome provocada pela ocupação e que fez milhares de mortos em todo o país.