Imigração

Obama: Provou-se, mais do que nunca, que grande parte do ADN norte-americano está baseado na diferença, seja ela cultural, social ou económica. Nunca houve tantas pessoas a procurar o sonho americano. Contudo, essa política do acolhimento teve efeitos perversos, com muitos imigrantes vindos do exterior a serem responsáveis por diferentes ataques, fossem eles terroristas ou isolados, valendo a Obama fortes críticas pela decisão em manter as portas do país abertas e, por consequência, ajudando à eleição de Trump como Presidente.

Trump: A sua campanha anti-imigração foi das mais fortes alguma vez vistas, garantindo-lhe, por isso mesmo, o apoio de todos os patriotas que sentiam o seu país ameaçado por aqueles que, dia após dia, chegavam de fora e pisavam o solo americano. É desde já sabido que este deverá ser o tópico onde mais diferenças se vão notar entre uma e outra administração, começando pelo tão prometido muro que Trump garantiu construir na fronteira que separa os Estados Unidos do México, país de onde diz virem “violadores, traficantes e criminosos”.

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Economia

Obama: Assumiu funções quando a economia nacional e mundial estavam praticamente em queda-livre. Tanto os níveis do desemprego como o preço das casas estavam em ascensão constante, enquanto a indústria financeira estava à beira do abismo. Ainda assim, passados oito anos, a economia norte-americana está em crescimento (ainda que modesto) e sob críticas daqueles que dizem que podia estar melhor. Em termos políticos, Obama reforçou um pacote de estímulos importantes e uma legislação de reforma financeira. A sua administração supervisionou uma estrutura de apoio que, entre outros feitos, salvou a General Motors de uma falência que teria devastado a indústria automóvel dos EUA.

É também digno de referência que, apesar de todas as críticas, Obama foi um dos Presidentes que mais empregos conseguiu criar no país, conseguindo até bater o recorde de mais meses consecutivos (75) – algo como mais de seis anos - a criar postos de trabalho.

Trump: Promete cortar nos impostos (passar a taxa média dos 35% para os 15%) e fazer a economia crescer mais do que nunca. Quer as atenções centradas no espaço dentro das fronteiras e beneficiar aquelas que criam riqueza ‘em casa’, como dar alívios fiscais às firmas que tenham sede nos EUA e que registam, fora de portas, lucros combinados superiores a 3 mil milhões de dólares (como a Apple, Facebook ou a Google). Ainda que sem explicar concretamente como, Trump quer investir mais naquilo que é nacional e, com isso, garantir crescimento contínuo e sustentado com a riqueza que é criada no país, dependendo cada vez menos do exterior.

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Segurança Interna/Terrorismo

Obama: Se houve tema que colocou muitas vezes Obama iluminado pelos holofotes da polémica, foi o de todos os casos de violência policial, uso livre de armas de fogo e falta de controlo na prevenção do terrorismo. Obama herdou a liderança de uma América ferida pelo 11 de Setembro e teve dificuldades em falar, lidar ou controlar episódios de terrorismo como o da discoteca Pulse, em Orlando; ou casos de violência isolada como o dia em que o jovem Dylan Roof entrou na igreja de Charleston e matou nove pessoas sem razão aparente. A isto, acrescem todos os episódios de violência policial sobre cidadãos de raça negra; violência excessiva e injustificada que fez nascer o movimento ‘Black Lives Matter’ e tema ao qual Obama nunca conseguiu dar uma resposta eficaz, mesmo sendo ele um cidadão da raça negra.

No entanto, recorde-se, foi durante a administração Obama que Osama Bin Laden, alegado mentor do 11 de setembro e fundador da Al-Qaeda, foi morto durante um raid aéreo no Paquistão.

Trump: Se o seu antecessor chegou a tentar erradicar a Segunda Emenda (que dita o livre acesso e uso de armas de fogo por qualquer cidadão), Trump não tem qualquer interesse em reformar aquilo que acredita estar bem. Pelo contrário, o republicano afirmou, durante a campanha, que “se todos nós tivéssemos uma arma, o terrorismo não aconteceria”. Se a questão das armas é apontada por muitos como um dos principais problemas da América, certamente não o será para Donald Trump, que quer uma atitude implacável sobre qualquer ameaça que possa existir, nem que seja um simples insulto dirigido em plena rua.

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Política Externa

Obama: Deixa a Casa Branca com dois grandes feitos nesta matéria – a assinatura do acordo nuclear do Irão e a normalização das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba. A isto, acresce ainda o cumprimento de uma das suas maiores promessas: o supervisionamento da retirada das tropas norte-americanas do Iraque e do Afeganistão. À parte disso, a sua administração esteve constantemente sob críticas devido à tensão acumulada nas relações com a Rússia, a juntar ao facto da sua aparente inércia perante a Primavera Árabe que começou em 2010 e espalhou a revolta em todo o Médio Oriente, culminando naquilo que hoje é descrito como o conflito ou a guerra civil na Síria e que, por sua vez, facilitou a ascensão do Estado Islâmico.

Trump: Ainda não é totalmente clara é a postura e o relacionamento que Trump quer ter com Putin, sobretudo depois das suspeitas levantadas pelos Serviços de Inteligência quanto à possível intervenção de Moscovo nas eleições. Já sobre o Médio Oriente, o republicano prometeu ser radical o suficiente para, em pouco tempo, “acabar com o Estado Islâmico”. Sobre o acordo nuclear do Irão, criticou-o suficientemente para o descrever como um “erro”, não assumindo, no entanto, se irá ou não abandoná-lo por completo. Quanto a Cuba, este é outro dos temas sobre o qual quer reverter aquilo que foi feito por Obama, incluindo medidas como a restrição das ligações aéreas que poderão ser feitas entre os dois países.

É também importante relembrar que, recentemente, o magnata do imobiliário descreveu a NATO como uma instituição “obsoleta”, o que já de si pode dizer muito sobre a visão e possivelmente a não-relação que pretende ter com a Europa.

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Ambiente

Obama: Numa era em que se produz – e por consequência se polui – cada vez mais, Barack Obama mostrou, enquanto líder de uma das maiores potências mundiais, preocupação com um assunto que interessa a todos, tendo por isso participado e assinado o acordo de Paris, em que 185 países se comprometeram, a partir de 2020, a reduzir consideravelmente as emissões de gases poluentes, apostando por isso numa ideologia mais verde e amiga do ambiente e capaz de prevenir que o aquecimento global se agrave ainda mais enquanto ameaça para o planeta.

Trump: Durante a campanha, dizia que o aquecimento global era “uma mentira inventada pelos chineses” que, com essa propaganda, tentariam fazer com que os seus rivais abrandassem a sua competitividade. Já admitiu que se quer distanciar do Acordo de Paris e, mesmo que esse processo dure pelo menos quatro anos, a sua equipa já procura maneiras para executá-lo da forma mais rápida possível. Esta é uma área de futuro incerto, sobretudo porque uma alteração na legislação e regulamentação já aprovada poderá significar muitos processos judiciais de entidades como a Greenpeace.

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Sistema de saúde

Obama: O Affordable Care Act, conhecido como Obamacare, foi um dos grandes marcos da presidência Obama e, por sinal, um dos que mais controvérsia gerou. Este sistema propôs-s garantir um seguro de saúde básico a (quase) todos os norte-americanos, de modo a proteger aqueles que não tinham dinheiro para pagar um seguro de saúde. No entanto, esta ideia foi muitas vezes alvo de críticas pelos gastos que representava: num espaço de dez anos, estima-se que os custos do Obamacare rondem os 1,34 mil milhões de dólares, algo que rapidamente se traduziu numa subida significativa de impostos para os contribuintes, de modo a que não fosse apenas o Estado a suportar esta reforma no Sistema Nacional de Saúde norte-americano.

Trump: O multimilionário fez desde logo saber que era de sua vontade acabar – ou pelo menos mudar – o Obamacare, nem que seja uma mudança de nome para Trumpcare. Já na semana passada, o vice-presidente eleito, Mike Pence, disse querer fazer do desmantelamento do Obamacare uma prioridade. Na mesma conferência de imprensa, o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, sublinhou que, assim que se consiga revogar a lei da Saúde de Obama, é necessário garantir que haja uma “transição estável” para um novo sistema de saúde com “mais opções” e “mais liberdade”.

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