Numa conferência de imprensa na capital Reiquiavique, Benediktsson, ministro das Finanças desde 2013 e vencedor das eleições legislativas de outubro passado pelo Partido da Independência (centro-direita), apresentou hoje o novo executivo islandês com os dois parceiros da coligação governamental, o Partido Reformista (uma nova força política de centro-direita) e o movimento Futuro Brilhante (centro).
O programa governamental apresentado pela coligação prevê a possibilidade de realizar um referendo sobre um processo de adesão à União Europeia (UE) "no final da legislatura".
O documento afasta a esperança de eventuais reformas institucionais radicais, nomeadamente a ratificação de uma nova Constituição elaborada por uma comissão de cidadãos entre 2010 e 2012.
No plano económico, o programa investe na continuidade das políticas liberais conduzidas nos últimos anos por Benediktsson. Um crescimento económico sólido e uma redução significativa da taxa de desemprego foram alguns dos créditos apresentados pelo antigo ministro das Finanças.
A confirmação de um governo de centro-direita derrubou por terra os planos da oposição de esquerda, que esperava aproveitar o envolvimento de elementos do anterior executivo islandês no escândalo dos "Papéis do Panamá" (evasão fiscal em paraísos fiscais), em abril de 2016, e assumir o poder político.
Em abril, uma esmagadora maioria dos islandeses desejava renovar a classe política do país, incluindo Benediktsson, então ministro das Finanças, cujo nome surgiu nos documentos associados ao escândalo.
A Islândia realizou eleições legislativas antecipadas a 29 de outubro, na sequência da demissão do antigo primeiro-ministro Sigurdur Ingi Johannsson (do Partido Progressista), apanhado pela forte contestação pública por envolvimento no escândalo dos "Papéis do Panamá".
Nas eleições, nenhum partido conseguiu a maioria dos 63 deputados eleitos para o parlamento islandês, conhecido como Althingi.
O Partido da Independência de Benediktsson conseguiu 21 assentos parlamentares, mais que o Partido Pirata (força antissistema) e o Movimento da Esquerda Verde que conquistaram, cada um, 10 cargos parlamentares.
Os diversos partidos políticos islandeses estavam em negociações desde as eleições para tentar formar um governo de coligação.