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Terceiro partido moçambicano diz que ainda falta "paz verdadeira"

O líder do MDM, terceiro maior partido de Moçambique, considerou hoje que o país tem ainda "desafios para alcançar a paz verdadeira", apesar da trégua de dois meses declarada pelo presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.

Terceiro partido moçambicano diz que ainda falta "paz verdadeira"
Notícias ao Minuto

19:53 - 03/01/17 por Lusa

Mundo MDM

"Primeiro é preciso compreender se, com essas tréguas, estamos a atacar o essencial", observou Daviz Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), em conferência de imprensa na sede do partido na cidade da Beira, insistindo na revisão da Constituição, "que é a raiz do problema".

O líder da terceira força política afirmou que o país foi surpreendido com o anúncio de uma trégua de uma semana a 27 de dezembro, tendo sido hoje prolongada para 60 dias, sem clareza sobre os princípios das negociações que deviam ser regidos pela Assembleia da Republica.

"O que terá acontecido com os princípios que deveriam ter ido a Assembleia da República?", questionou Daviz Simango.

O líder do MDM e autarca da Beira referiu que, em sede de diálogo entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), foi aprovada uma resolução com sete princípios que devia ser remetida para a Assembleia da República até novembro, prevendo-se que fosse debatida até 15 de dezembro, o que não aconteceu.

"O que está a acontecer com tudo isso?", voltou a perguntar Daviz Simango, acrescentando que "nesta suposta trégua" de uma semana aconteceram incidentes.

"Houve compatriotas nossos que morreram por balas e esses incidentes não são tornados públicos", declarou.

Simango disse que o essencial deste processo de busca de paz é a revisão da Constituição da República, que considera não se adequar à conjuntura económica e política do país.

"O grande problema dos conflitos políticos e económicos que hoje atravessamos estão em torno da nossa Constituição. Neste momento há que adequar e adaptar a nossa Constituição à dinâmica de Moçambique. E, nós, insistimos na revisão da Constituição da Republica", defendeu, recordando as propostas do seu partido sobre redução dos poderes do chefe do Estado, a eleição dos governadores provinciais e a descentralização.

"O problema de descentralização é um problema do país, é um problema de todos nós e não pode ser discutido por dois partidos, portando estamos a cometer um erro grave naquilo que é o futuro da estabilidade do país", observou o líder político, acrescentando que enquanto aqueles temas não forem revistos na lei fundamental, "vai continuar a haver conflitos".

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou hoje o prolongamento por sessenta dias da trégua temporária declarada há uma semana, para dar tranquilidade às negociações de paz em Moçambique.

"Esta trégua ou prorrogação é para criarmos um ambiente favorável para podermos assegurar o diálogo aí em Maputo. Isto é, tranquiliza ambos os lados, Renamo e o Governo de Moçambique, para que as coisas possam correr bem. E, por outro lado, oferecer a paz aos moçambicanos", declarou Dhlakama, em declarações por telefone aos jornalistas reunidos na sede nacional do maior partido de oposição, na capital do país.

O segundo anúncio de trégua de Afonso Dhlakama surge um dia após ter mantido uma conversa por telefone com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para fazer o balanço da cessação de hostilidades de uma semana, declarada pelo presidente da Renamo a 27 de dezembro.

O líder da Renamo reiterou que a mediação internacional nas negociações de paz "vai manter-se" e que o modelo das conversações incluirá um grupo, dentro da comissão mista, para tratar do processo da descentralização e do pacote eleitoral, com dois membros indicados por cada parte e um especialista escolhido por consenso em assuntos constitucionais.

O centro e norte de Moçambique estão a ser assolados há mais de um ano pela violência militar, na sequência da recusa da Renamo em aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, exigindo governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.

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