A morte de Leonard Cohen, aos 82 anos, foi anunciada na noite de quinta-feira (hoje em Lisboa) pelo agente do músico. "É com profunda tristeza que informamos que o poeta, compositor e artista lendário Leonard Cohen morreu", escreveu, na página do Facebook do músico.
As redes sociais foram também o veículo para o Presidente israelita, Reuven Rivlin, e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, prestarem tributo a Cohen.
"Obrigado por tudo o que nos deixaste", declarou Rivlin, enquanto Netanyahu lembrou Cohen como "um grande criador, um talentoso artista e um amável judeu que amava o povo e o Estado de Israel".
Netanyahu recordou ainda que Cohen "visitou Israel, para cantar aos soldados israelitas, durante a guerra do Yom Kippur", conflito de 1973 com os vizinhos países árabes. "Vou e pararei as balas do Egito", escreveu o músico num poema.
Segundo contou o músico israelita Oshik Levi, Cohen ofereceu-se para trabalhar num 'kibbutz' israelita, numa altura em que estas comunidades agrícolas estavam desprovidas de homens, destacados para a guerra. Mas Levi convenceu-o a juntar-se antes ao grupo de músicos formado por ele para entreter as tropas mobilizadas na linha da frente, o que Cohen fez durante três meses.
As duas principais estações de rádio israelitas dedicaram hoje horas de emissão à música de Leonard Cohen, que nasceu no seio de uma próspera família judaica, fundadora de sinagogas no Canadá, e que foi criado por um avô rabi.
Para além do apelido de origem judaica (Cohen quer dizer padre, em hebraico), muitas das letras do músico têm inspiração na tradição e liturgia judaicas.
"Nunca disfarcei o facto de ser judeu e estarei em Israel, durante qualquer crise. Estou empenhado na sobrevivência do povo judeu", disse, numa entrevista, em 1974.
Em 2009, o músico foi pressionado pelos palestinianos a aderir ao boicote cultural contra Israel e a cancelar um espetáculo agendado para Ramat Gan, perto de Telavive. Mas Cohen recusou fazê-lo, embora contrapropondo com um concerto também em Ramallah, na Cisjordânia, oferta recusada pelos palestinianos.
Mesmo assim, Cohen usou os lucros do concerto em Israel para criar um fundo israelo-palestiniano para a reconciliação, a paz e a tolerância.