A posição do regime de Teerão foi hoje assumida pelo chefe do programa nuclear iraniano, Fereydoun Abbassi Davani, à margem das cerimónias do Dia nacional da tecnologia nuclear.
"Não vamos suspender o enriquecimento a 20% (...) utilizado para o combustível do reactor de investigação de Teerão", afirmou Abbassi Davani.
O responsável pela Organização iraniana de energia nuclear salientou que o regime de Teerão ainda precisa de produzir combustível, uma vez que prevê construir cinco novos reactores de investigação.
"Produzimos urânio a 20% segundo as nossas necessidades. Durante todo o projecto, vão ser necessárias reservas. Temos capacidade de reprocessar o urânio a 20% para um urânio a 3,5%, mas não existe qualquer razão lógica para diluir o nosso urânio a 20%", explicou Abbassi Davani.
Nas mesmas declarações, o chefe do programa nuclear iraniano frisou que as actividades de enriquecimento desenvolvidas pelo regime de Teerão são totalmente controladas pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
"Portanto, não iremos enviar para o estrangeiro o urânio e não iremos diluir", garantiu o responsável, defendendo que os países membros do grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha), que estão a negociar com Teerão o controverso dossiê nuclear iraniano, têm de fazer "propostas racionais".
Também por ocasião do Dia nacional da tecnologia nuclear, o Presidente iraniano, Mahmud Ahmadineyad, inaugurou hoje novas minas de urânio e um complexo de processamento deste metal na província iraniana de Yazd (centro).
"O programa nuclear iraniano não irá parar", afirmou Ahmadineyad, durante a cerimónia de inauguração das instalações, através de um sistema de videoconferência.
"Hoje, o Irão já é um país nuclear e ninguém nos pode tirar isso (...), ninguém é capaz de parar os sucessos nucleares do Irão", salientou o líder iraniano.
Durante as recentes negociações em Alma-Ata, Cazaquistão, o grupo 5+1 propôs ao Irão o envio do excedente de urânio enriquecido a 20% para o estrangeiro ou a sua diluição, em troca de um levantamento parcial das sanções impostas a Teerão.
Segundo o último relatório da AIEA, divulgado em Fevereiro, o Irão produz 280 quilos de urânio a 20%, dos quais 115 quilos foram transformados em combustível, o que dificulta a sua utilização para fins militares.
As potências ocidentais e Israel suspeitam que o Irão procura fabricar uma arma atómica com o urânio enriquecido, a pretexto do seu programa nuclear civil, o que a República Islâmica desmente.
As resoluções da ONU sancionando o Irão pelas suas actividades nucleares foram reforçadas por um embargo bancário e petrolífero da União Europeia e dos Estados Unidos.