Num despacho em que determina a prisão temporária do empresário Ronan Maria Pinto citado hoje pela imprensa brasileira, o magistrado afirmou que "é possível" que o esquema de corrupção da Petrobras tenha comprado o silêncio do empresário, como alegou o operador Marcos Valério Fernandes de Souza, numa tentativa de delação premiada (prestação de informações importantes em troca de redução da pena).
Ronan Maria Pinto foi o beneficiário final de um empréstimo de 12 milhões de reais (cerca de 3 milhões de euros) do banco Schahin, sendo que Marcos Valério Fernandes de Souza terá dito que metade desse valor foi-lhe dado porque ele ameaçava envolver figuras do PT nas investigações do assassinato de Celso Daniel.
Segundo o juiz, o irmão do assassinado, Bruno José Daniel, revelou que, após o homicídio, "foi-lhe relatada a existência desse esquema criminoso e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao Partido dos Trabalhadores".
No despacho, o responsável pela Operação Lava Jato acrescentou que "o destinatário dos valores devidos ao Partido dos Trabalhadores seria (o ex-ministro) José Dirceu de Oliveira e Silva".
Em 2002, Celso Daniel era coordenador de campanha do então candidato Lula da Silva à Presidência e chegou a ser sequestrado e torturado, sendo as motivações da sua morte ainda uma incógnita.
O ex-Presidente Lula da Silva está a ser investigado no âmbito da Operação Lava Jato, que trata de um esquema de corrupção que envolve várias empresas, incluindo a petrolífera estatal Petrobras.