Nessa altura, "tivemos a nossa própria 'primavera'. Vivemos uma década que designamos como a 'década negra', dez anos que colocaram a Argélia numa vaga de terrorismo sem precedentes", afirmou Fatiha Selmane, em alusão aos anos que se seguiram à instauração do multipartidarismo no país e à popularidade dos islamitas da Frente Islâmica de Salvação (FIS), que acabaria ilegalizada.
O país acabaria por mergulhar numa guerra civil que fez cerca de 200 mil mortos, segundo números oficiais.
"Essa década ainda está bastante presente no espírito dos argelinos", disse a diplomata, salientando que há ainda o exemplo que vem de países vizinhos, como é o caso da Líbia.
"A noção de primavera árabe está a mudar de dia para dia e alguns falam mesmo de inverno árabe", disse a diplomata.
"Os argelinos não estão interessados em viver uma situação de agitação que já conheceram e de forma muito dolorosa", insistiu.
Fatiha Selmane referiu que as transformações políticas nos países que viveram mudanças de regime "estão apenas no início".
"A transição democrática é um processo longo", apontou a embaixadora, defendendo que deve ser dado apoio económico da comunidade internacional, em particular da Europa, aos países em mudança.