O caso tornou-se uma "batata quente" judicial, por entre revelações de que o procurador Alberto Nisman tinha redigido um rascunho de um mandado de detenção da Presidente Cristina Kirchner, antes de ser encontrado morto em casa, com um tiro na cabeça em janeiro passado.
Três juízes pediram escusa do caso, o qual tem retido as atenções na Argentina desde que Nisman, de 51 anos, foi encontrado morto na véspera de uma audiência no congresso, durante a qual se esperava que acusasse Kirchner de cobrir o envolvimento de agentes iranianos naquele ataque mortal.
A autoridade federal judicial para os tribunais criminais acabou com o impasse ao ordenar a um dos três juízes, Daniel Rafecas, que ficasse com o caso.
Rafecas, um perito em direitos humanos, tem produzido estudos sobre o Holocausto que já lhe mereceram prémios de três grupos judaicos argentinos.
É também conhecido por julgar responsáveis militares por abusos cometidos durante a ditadura no país entre 1976 e 1983.
O ataque à bomba à Associação Mútua Judaica Argentina, matou 85 pessoas e feriu 300, o balanço mais pesado deste tipo de ataques na Argentina.
Depois de uma investigação inicial ter terminado sem condenações, Nisman foi indicado em 2006 para reabrir o caso.
Ele acusou o Irão de ordenar o ataque, através do grupo xiita libanês Hezbollah e solicitou a detenção de cinco dirigentes iranianos, incluindo o antigo Presidente Akbar Hashemi Rafsanjani.
Em 14 de janeiro passado, quatro dias antes de ser encontrado morto, Nisman produziu um relatório com 300 páginas, onde acusava Kirchner, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hector Timerman, e outro dirigente de tentarem proteger o Irão em troca de petróleo.
A morte de Nisman está a ser investigada pela procuradora Viviana Fein, que já causou controvérsia ao começar por negar que Nisman tivesse feito aquele esboço.
Mais tarde, Fein disse que afinal este esboço tinha sido encontrado no apartamento de Nisman e negou que tivesse sucumbido a pressões do governo para encobrir a existência deste documento.