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AMI avisa que muito está por fazer na reconstrução do Haiti

O presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, afirmou hoje que, cinco anos depois do violento sismo que abalou o Haiti, "muito está por fazer" na reconstrução daquele país caribenho, onde 400 mil pessoas continuam sem casa.

AMI avisa que muito está por fazer na reconstrução do Haiti
Notícias ao Minuto

13:16 - 10/01/15 por Lusa

Mundo Fernando Nobre

A 12 de janeiro de 2010, um violento sismo abalou o Haiti, causando mais de 230 mil mortos e um milhão e meio de deslocados.

"Muito está por fazer no Haiti. Como é habitual, logo após um grande cataclisma, a conferência dos doadores promete mundos e fundos, mas depois uma catástrofe empurra outra para o esquecimento", disse à Lusa Fernando Nobre, a propósito de um balanço de cinco anos da atuação da AMI naquele país.

Segundo o responsável, raramente os doadores atingem os 30% das verbas prometidas: "Fica-se sempre muito aquém do que se prometeu a quente, no momento da catástrofe e quando a comunicação social está em cima do acontecimento".

Por outro lado, o Haiti tem "problemas de má governação", que dificultaram o processo de reconstrução, e serve de "placa giratória para o comércio de droga, com destino aos Estados Unidos, nomeadamente Miami".

Cinco anos depois, ainda existem perto de 400 mil pessoas deslocadas e "as cicatrizes do terramoto ainda são visíveis", nomeadamente na capital, Port-au-Prince, relatou o presidente da AMI, que todos os anos tem regressado ao Haiti.

Fernando Nobre exemplifica que o Palácio Presidencial ainda não está habitável, a maioria dos ministérios, entre os quais o da Saúde, funciona em contentores, e a catedral de Port-au-Prince permanece em escombros, enquanto muitas casas dos bairros desfavorecidos nos arredores da capital continuam com a mesma precariedade de antes do terramoto.

A cólera, que atingiu o país no final do verão de 2010 e causou milhares de mortos, tornou-se endémica no país.

"O Haiti é um dos últimos países no índice de desenvolvimento humano e em termos de desemprego e de pobreza", afirmou, considerando que o país "regressou à sua situação crónica de país esquecido e pobre".

A recuperação do Haiti exigia, defendeu o responsável, que os investimentos prometidos "se tivessem concretizado" e uma "correta fiscalização e acompanhamento" dos trabalhos de reabilitação do país. Por outro lado, os próprios haitianos deveriam também exigir "uma transparência da governação e uma utilização correta dos fundos".

"É importante apoiar instituições locais, da sociedade civil, e desejamos que haja um reforço da cidadania. Esperamos que os processos democráticos se mantenham e não venhamos a assistir a mais ditaduras e golpes de Estado", referiu Fernando Nobre, que admitiu não vislumbrar, "para já, um futuro muito diferente para o Haiti do que aquele que já tinha antes do terramoto".

A AMI "continua empenhada" no Haiti, garantiu Nobre, que se afirma particularmente preocupado com a vulnerabilidade do país face a fenómenos meteorológicos como furacões.

A instituição portuguesa mantém parcerias com organizações não-governamentais (ONG) locais, apoiando o projeto de uma rede de rádios comunitárias que atua no alerta e prevenção de catástrofes climáticas e ainda intervenções na área da saúde nos bairros "altamente desfavorecidos" dos arredores da capital haitiana, onde as condições sanitárias são muito deficientes.

A AMI investiu neste país um total de 922 mil euros e Fernando Nobre voltará a visitar o Haiti no final deste mês para acompanhar os projetos locais e avaliar novos apoios.

Quatro dias após o sismo, equipas da AMI chegaram ao Haiti, onde prestaram assistência em hospitais na capital e, posteriormente, ficaram responsáveis por três campos de desalojados, com 10 mil pessoas. A organização portuguesa angariou mais de 1,1 milhões de euros e manteve quase 30 técnicos e 36 colaborares locais no terreno durante um ano.

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