Depois da reunião com Trump na Casa Branca, na sexta-feira, Zelensky manteve contacto telefónico com os primeiros-ministros do Reino Unido, Keir Starmer; da Polónia, Donald Tusk; de Itália, Giorgia Meloni; e da Noruega, Jonas Gahr Store; e ainda com o chanceler alemão, Friedrich Merz; o Presidente finlandês, Alexander Stubb; os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa; e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte.
"Partilhei detalhes da minha conversa com o Presidente dos EUA, Donald Trump. Discutimos muitas questões importantes. A principal prioridade agora é proteger o maior número de vidas possível, garantir a segurança da Ucrânia e fortalecer-nos a todos na Europa. É exatamente para isso que estamos a trabalhar", afirmou Zelensky na rede social X.
"Os nossos conselheiros de segurança nacional discutirão os próximos passos. Estamos a coordenar as nossas posições. Estou grato pela conversa, por todo o apoio e pela prontidão em apoiar a Ucrânia", adiantou.
A reunião na Casa Branca entre os presidentes norte-americano e ucraniano terminou com Donald Trump a afirmar que "é tempo" de um acordo de paz e sem anúncio sobre o fornecimento de mísseis Tomahawk pretendidos por Kiev.
Na rede social Truth, Trump afirmou que o encontro com Volodymyr Zelensky "foi muito interessante e cordial", mas que disse ao Presidente ucraniano "que é tempo de parar com a matança e fechar um ACORDO", tal como também havia sugerido "veementemente" ao Presidente russo, Vladimir Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Após a reunião com Trump, Zelensky afirmou à imprensa que ambos discutiram a questão dos mísseis de longo alcance Tomahawk, mas que foi combinado "não falar sobre isso porque (...) os Estados Unidos não querem qualquer escalada".
A reunião de Trump com Zelensky decorreu um dia após uma longa conversa telefónica entre os presidentes norte-americano e russo, na qual Putin avisou que se os Estados Unidos fornecerem mísseis Tomahawk à Ucrânia, tal constituirá uma "nova escalada" no conflito e afetará as relações entre Washington e Moscovo.
Apesar dos protestos de Moscovo, Zelensky espera que Washington forneça a Kiev mísseis Tomahawk, que permitiriam à Ucrânia atacar em profundidade o território russo.
Os mísseis BGM-109 Tomahawk poderiam alcançar cidades, infraestruturas militares e energéticas ainda mais no interior da Rússia do que os 'drones' ucranianos, que têm atacado com sucesso refinarias, comprometendo a atividade que financia o esforço de guerra russo.
Em Washington após o encontro, Zelensky disse que a Rússia está "com medo" da possível entrega de mísseis Tomahawk ao seu país.
"Acho que a Rússia tem medo dos Tomahawk, tem mesmo medo, porque é uma arma poderosa", disse Zelensky em conferência de imprensa.
Questionado se esperava receber esta arma, Zelensky respondeu: "Sou realista".
Fonte da delegação ucraniana disse à AFP que Zelensky apresentou a Trump "mapas" de potenciais alvos na Rússia a atingir, com "pontos de pressão na defesa e na economia militar russa que podem ser alvos para forçar Putin a terminar a guerra".
Trump não exerceu pressão significativa sobre a Rússia desde que, em janeiro, regressou à Casa Branca para um segundo mandato presidencial (2025-2029), embora tenha afirmado, durante a campanha eleitoral, que obteria o fim da guerra na Ucrânia "em 24 horas" assim que voltasse ao poder.
Perante Zelensky, que considerou que Putin "não está pronto" para a paz, Trump afirmou o contrário, que Putin "quer pôr fim à guerra" e que, por isso, talvez não sejam necessários os mísseis Tomahawk.
Na sua mensagem após o encontro, Trump não faz qualquer menção a fornecimentos militares e Kiev, argumentando a favor de um acordo imediato com o "muito derramamento de sangue", tendo "os limites de propriedades" sido "definidos pela Guerra e pela Coragem" dos beligerantes.
Russos e ucranianos "devem parar onde estão. Que ambos reivindiquem a Vitória, que a História decida!", afirmou.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Leia Também: "Uma honra". Trump elogia Zelensky: É um "líder forte" que conhece "bem"