"O Paquistão realizou ataques aéreos de precisão contra o grupo terrorista Hafiz Gul Bahadur nas zonas fronteiriças do Afeganistão, perto dos distritos [paquistaneses] do Waziristão do Sul e do Norte", disseram as fontes num breve comunicado citado pela AFP.
Paquistão e Afeganistão concordaram anteriormente prolongar um cessar-fogo em vigor para facilitar as conversações de paz previstas para sábado em Doha, no Qatar.
Um alto responsável talibã citado pela AFP afirmou durante o dia que o Paquistão violou o cessar-fogo alcançado entre os beligerantes, efetuando novos ataques numa região fronteiriça, nomeadamente três locais província de Paktika, e prometeu retaliar.
Antes, negociadores talibãs tinham confirmado, em declarações à agência afegã Tolo News, uma prorrogação de 48 horas do cessar-fogo, acrescentando que a delegação do movimento fundamentalista, liderada pelo ministro da Defesa, Mohamad Yaqub Mujahid, deslocar-se-á no sábado até à capital do Qatar.
A delegação paquistanesa, que inclui também o ministro da Defesa, o chefe dos serviços secretos e o chefe do Estado-maior do exército, já se encontra em Doha.
O Paquistão e os talibãs acordaram na quarta-feira uma cessação temporária das hostilidades, que causaram nos últimos dias dezenas de mortos e centenas de feridos.
O novo ciclo de violência entre os dois países, que têm relações instáveis, foi desencadeado por explosões em Cabul, atribuídas ao Paquistão pelos talibãs, que posteriormente lançaram uma operação na fronteira.
As fontes da segurança paquistanesas disseram que foi atingido o centro e a liderança dos talibãs paquistaneses em Cabul.
Também foram visados quartéis dos talibãs afegãos e da brigada fronteiriça em Kandahar, no sul do Afeganistão.
Os alvos foram "cuidadosamente selecionados e estavam isolados da população civil", disseram as fontes aos jornalistas paquistaneses, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
"O exército do Paquistão está plenamente capacitado para dar uma resposta adequada a qualquer ato de agressão", acrescentaram.
Os confrontos armados da semana passada entre os dois países do sul da Ásia fizeram, segundo informou hoje a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (UNAMA), 462 vítimas civis, incluindo 37 mortos e 425 feridos.
O Conselho de Críquete do Afeganistão (ACB) denunciou hoje que oito jogadores locais foram mortos em ataques aéreos paquistaneses em Paktika.
"Os ataques aéreos paquistaneses visaram a nossa equipa local num torneio de críquete, matando oito jogadores afegãos no distrito de Urgon. Os jogadores estavam lá como convidados com os seus amigos", disse à EFE o porta-voz do conselho afegão, Nasim Sadat.
O Conselho identificou três das vítimas e especificou que outros oito jogadores ficaram feridos, de acordo com um comunicado publicado no seu perfil no X.
Na publicação, o ACB acrescentou que, em sinal de respeito pelas vítimas, o Afeganistão vai retirar-se do próximo torneio internacional triangular de críquete com o Paquistão, previsto para o final de novembro.
O jogador da seleção afegã de críquete Fazal Haq Farooqi condenou o ataque na sua conta de Twitter, considerando-o um "crime hediondo e imperdoável" e pedindo justiça para as vítimas.
"O assassinato de jogadores e civis não é uma honra, é a mais profunda vergonha. Vida longa ao Afeganistão!", escreveu o atleta.
O exército paquistanês não se pronunciou sobre o incidente.
[Notícia atualizada às 22h21]
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