"A violência e a destruição não serão toleradas no Texas", afirmou o governador num comunicado divulgado na quinta-feira, mas só hoje citado pelas agências internacionais, garantindo que as autoridades vão "impedir atos de vandalismo" e prender qualquer pessoa que se envolva em atos de "violência ou danos materiais".
Previstos para sábado, os protestos surgem de uma coligação de organizações, incluindo grupos de direitos humanos e sindicatos, que apelaram a um dia nacional de protesto em mais de 2.000 locais em todo o país, incluindo na capital federal, Washington.
Esta é a segunda vaga de manifestações sob o lema 'No Kings' ['Sem Reis', em português], a primeira teve lugar em junho e foi geralmente pacífica no Texas e noutras partes do país.
Nessa altura, Abbott também convocou a Guarda Nacional.
O governador do Texas também se juntou a outros líderes republicanos para garantir, sem provas, que a jornada de protestos tem ligações ao movimento Antifa, de ideologia antifascista, que foi classificado como uma "organização terrorista" pela administração Trump.
Na quinta-feira, o senador republicano Ted Cruz, também texano, pediu ao Governo federal que investigue o financiamento dos grupos que convocaram as manifestações.
Em setembro, Trump assinou um decreto presidencial que designa a Antifa como uma "organização terrorista", mas não é claro como é que esta decisão pode ser aplicada, uma vez que não existe nenhuma lei de terrorismo doméstico nos Estados Unidos que permita que um grupo seja designado como tal.
A ordem presidencial descreve o movimento Antifa como uma organização "militarista e anarquista" que procura derrubar o Governo, as forças de segurança e o sistema jurídico do país através de meios ilícitos, incluindo violência e terrorismo.
Hoje, pelo menos 11 pessoas foram detidas pela polícia estadual do Illinois no subúrbio de Broadview, perto de Chicago, num novo protesto em frente ao centro de processamento do Serviço de Imigração e Alfândegas dos EUA (ICE).
Os confrontos entre manifestantes e autoridades recomeçaram em Broadview, uma localidade perto de Chicago que se tornou o epicentro dos protestos contra as rusgas contra imigrantes e deportações ordenadas pela administração Trump.
Os manifestantes foram detidos por se recusarem a parar de bloquear uma rua e a deslocarem-se para uma área de protesto designada. Após confrontos com a polícia estatal, vários manifestantes foram algemados e colocados em veículos da polícia.
Também hoje, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou as primeiras acusações de terrorismo ligadas ao movimento Antifa, visando dois indivíduos que alegadamente atacaram um centro de detenção de migrantes no Texas.
A Antifa não é uma organização formal e estruturada, embora a administração Trump a tenha designado como tal, de acordo com instituições que estudam o fenómeno do discurso de ódio, como é o caso do Southern Poverty Law Center (SPLC).
O Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos, um instituto não partidário, observa que a Antifa, que vem do termo 'antifascismo', é um "movimento descentralizado de grupos independentes e indivíduos com ideias semelhantes" com princípios que podem "refletir ideias de anarquismo, socialismo ou comunismo".
Em 2020, o então diretor do FBI (polícia federal norte-americana), Christopher Wray, chegou a afirmar que se tratava de uma "ideologia" e não de um grupo organizado.
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