"Espero que não precisem deles. Espero que possamos acabar com a guerra sem ter de pensar nos Tomahawks", declarou Donald Trump à comunicação social, sentado em frente a Zelensky na Casa Branca.
Esta reunião de Trump com Zelensky decorre um dia após uma longa conversa telefónica entre os Presidentes norte-americano e russo, na qual Vladimir Putin avisou que se os Estados Unidos fornecerem mísseis Tomahawk à Ucrânia, tal constituirá uma "nova escalada" no conflito e afetará as relações entre Washington e Moscovo.
Zelensky espera que Washington forneça a Kyiv mísseis Tomahawk, apesar dos protestos de Moscovo.
Os mísseis Tomahawk norte-americanos permitiriam à Ucrânia atacar em profundidade o território russo.
Com a Rússia a intensificar os ataques às infraestruturas energéticas na Ucrânia, os Tomahawk serão o "tema principal" do encontro de hoje de Zelensky com Trump, disse na quinta-feira um responsável ucraniano citado pela agência de notícias francesa AFP, referindo também os sistemas de defesa aérea Patriot, numa altura em que os ucranianos temem enfrentar o inverno sem luz ou aquecimento.
O Presidente norte-americano não tinha, até hoje, deixado claras as suas intenções quanto ao fornecimento deste tipo de armamento a Kyiv.
"A Ucrânia quer atacar, tomarei uma decisão sobre isso", declarou na quarta-feira.
No domingo, afirmara que a utilização dos Tomahawk pela Ucrânia seria "um novo passo agressivo", depois do aviso de Putin.
O encontro entre Trump e Zelensky pode lançar mais luz sobre o atual estado de espírito do Presidente norte-americano.
Recentemente, afirmou, para surpresa de todos, que a Ucrânia podia vencer o conflito, elogiando a resistência demonstrada desde a invasão russa, em fevereiro de 2022.
Mas alguns observadores consideraram que tal elogio pode ser sinal de um desejo de afastamento de Trump, tentado a deixar o conflito seguir o seu curso.
O líder republicano, que se orgulha de ter tido sempre uma excelente relação com o Presidente russo, mudou recentemente um pouco de tom, dizendo estar "muito desapontado" com Putin.
No entanto, não exerceu pressão significativa sobre a Rússia desde que, em janeiro, regressou à Casa Branca para um segundo mandato presidencial (2025-2029), embora tenha afirmado, durante a campanha eleitoral, que obteria o fim da guerra na Ucrânia "em 24 horas" assim que voltasse ao poder.
"Vladimir Putin simplesmente não quer acabar com esta guerra", declarou Donald Trump na terça-feira.
Já hoje, perante Zelensky, que considerou que Putin "não está pronto" para a paz, Trump discordou dele, afirmando o contrário, que Putin "quer pôr fim à guerra" e que, por isso, talvez não sejam necessários os mísseis Tomahawk.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
[Notícia atualizada às 20h40]
Leia Também: "Uma honra". Trump elogia Zelensky: É um "líder forte" que conhece "bem"