A flotilha partiu na quinta-feira da cidade equatoriana de El Coca, também conhecida por Francisco de Orellana, em homenagem ao conquistador espanhol a quem se atribui a primeira navegação completa do Amazonas.
A flotilha 'Yuka Mama' (Mãe Água na língua quechua), constituída por meia centena de pessoas, irá navegar por toda a extensão do Amazonas, o rio mais longo e poderoso do mundo, num percurso de três mil quilómetros.
Durante a viagem até ao Brasil, a tripulação visitará cidades na Colômbia, Peru e Brasil, onde realizará intercâmbios culturais e se reunirá com povos indígenas, para discutir temas como a proteção e a gestão dos territórios amazónicos.
O destino é a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), em novembro, onde a flotilha quer denunciar as "cicatrizes do extrativismo", como a mineração ilegal, a desflorestação e a extração de petróleo.
Ao mesmo tempo, quer "tornar visível a força das alternativas que já estão presentes nas suas comunidades, como os empreendimentos produtivos, a monitorização territorial e a ciência ancestral", afirmou a organização, em comunicado.
Segundo os líderes comunitários, os povos indígenas gerem ou possuem direitos sobre um quarto da superfície terrestre, o que inclui 37% das terras naturais intactas e um terço das paisagens florestais do planeta.
"A biodiversidade mantém-se mais estável nestas zonas do que em ecossistemas semelhantes fora delas, o que demonstra que os povos indígenas não só defendem os seus territórios, mas também desempenham um papel crucial na governação climática global", declararam os líderes indígenas.
Antes de iniciar a viagem, a tripulação da flotilha realizou um funeral simbólico para "dizer adeus à era dos combustíveis fósseis que devastou a Amazónia", afirmou a organização.
A ação procura denunciar "as falsas soluções que, em nome da transição energética, continuam a impor projetos extrativistas e novas zonas de sacrifício em territórios indígenas", acrescentou.
A iniciativa exige que os governos implementem uma "transição energética verdadeiramente justa e vinculativa" e que os tratados internacionais e os acordos anteriores alcançados para combater as alterações climáticas e proteger o ambiente sejam implementados.
A extração de combustíveis fósseis é também "uma força motriz da violência social", disseram as organizações ambientais que fazem parte da flotilha.
"No mundo, especialmente na Amazónia, defender o próprio território tornou-se uma sentença de morte. De acordo com o último relatório da Global Witness, publicado em 2024, só entre 2012 e 2024, pelo menos 2.253 defensores foram assassinados ou desapareceram, 40% dos quais eram indígenas", alertaram.
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