A juíza distrital dos EUA, Sara Ellis, disse que ficou "um pouco surpreendida" ao ver imagens televisivas de confrontos entre agentes e o público, na sequência da repressão à imigração da administração do Presidente dos EUA, Donald Trump.
"Eu moro em Chicago, caso as pessoas não tenham reparado", afirmou. "E eu não sou cega, certo?", questionou.
Os esforços comunitários de oposição ao Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) aumentaram na terceira maior cidade do país, onde grupos de bairro se têm reunido para monitorizar a atividade do ICE e filmar incidentes envolvendo agentes. Mais de 1.000 imigrantes foram detidos desde setembro.
Por outro lado, a administração Trump tentou mobilizar tropas da Guarda Nacional, mas a estratégia foi suspensa na semana passada por um juiz diferente.
Na semana passada, Ellis disse que os agentes na área devem usar crachás, e proibiu-os de usar certas técnicas de controlo de distúrbios contra manifestantes pacíficos e jornalistas.
"Tenho preocupações sobre se a minha ordem está a ser cumprida", disse hoje a juíza Sara Ellis.
"Acrescento que todos os agentes que operam na Operação Midway Blitz [referindo-se ao nome dado pelo governo à repressão] devem usar câmaras corporais e estas devem estar ligadas", sublinhou Ellis.
O advogado do Departamento de Justiça dos EUA, Sean Skedzielewski, atribuiu a culpa desta medida a "relatórios mediáticos enviesados e seletivamente editados".
Aquele responsável também disse que não seria possível distribuir imediatamente as câmaras pelos agentes.
"Compreendo isso. Não esperaria que os agentes usassem câmaras corporais que não têm", afirmou Ellis, acrescentando que os detalhes podem ser resolvidos mais tarde. Mas acrescentou que o diretor responsável pela operação de aplicação da lei deve comparecer em tribunal na segunda-feira.
O governador JB Pritzker elogiou hoje a decisão da juíza, dizendo que as declarações dos agentes federais sobre prisões e outros incidentes, incluindo o tiroteio que acabou por matar um homem nos subúrbios de Chicago no mês passado, têm frequentemente sido imprecisas.
"Eles claramente mentem sobre o que acontece", afirmou o governador aos jornalistas. "É difícil para nós sabermos imediatamente qual é a verdade", adiantou.
Em 2024, o Immigration and Customs Enforcement começou a distribuir cerca de 1.600 câmaras de vídeo corporais aos agentes designados para as Operações de Execução e Remoção.
Na altura, os responsáveis disseram que as câmaras seriam fornecidas aos agentes em Baltimore, Filadélfia, Washington, Buffalo, Nova Iorque e Detroit.
Outras agências do Departamento de Segurança Interna exigem que alguns agentes usem câmaras.
A U.S. Customs and Border Protection divulgou gravações de câmaras corporais quando a força foi utilizada pelos seus agentes ou oficiais.
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