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Forças curdas sírias e governo de acordo sobre modo de fusão no exército nacional

As Forças Democráticas Sírias (FDS), movimento armado curdo no nordeste do país do Médio Oriente, chegaram a um acordo de princípio com o Governo para se integrarem no exército nacional, disse o seu comandante. 

Forças curdas sírias e governo de acordo sobre modo de fusão no exército nacional

© Reuters

Lusa
16/10/2025 23:44 ‧ há 14 horas por Lusa

Mundo

Síria

Mazloum Abdi, comandante das FDS, apoiadas pelos Estados Unidos, deu conta em entrevista à Associated Press (AP) de um desbloqueio negocial, ao fim de meses de impasse entre o movimento curdo e o governo de Damasco liderado pelo grupo islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que em dezembro do ano passado liderou a marcha sobre a capital que levou à deposição do Presidente Bashar al-Assad. 

 

A ofensiva rebelde levou al-Assad ao exílio na Rússia e marcou o fim de um governo de cinco décadas da família da seita minoritária alauita, um desdobramento do Islão xiita, e em março a nova liderança sunita em Damasco assinou um acordo com as FDS, que ainda controlam grande parte do nordeste do país. 

Abdi afirmou à AP que, numa viagem a Damasco no início deste mês, se encontrou com Ahmad al-Charaa, Presidente interino e antigo líder do HTS, tendo chegado a "um acordo de princípio" sobre o mecanismo de fusão das FDS com o exército. 

"Estamos a falar de um grande número, dezenas de milhares de soldados, bem como milhares de forças de segurança interna", disse o comandante das FDS sobre os seus efetivos.  

"Estas forças não podem juntar-se ao exército sírio individualmente, como outras pequenas fações. Em vez disso, juntar-se-ão como grandes formações militares formadas de acordo com as regras do Ministério da Defesa", adiantou. 

A questão de as FDS se manterem como uma unidade coesa no novo exército ou serem dissolvidas e os seus membros individualmente absorvidos pelas novas forças armadas é um grande ponto de discórdia desde o acordo de março. 

Segundo Abdi, foi formado um comité que trabalhará com o Ministro da Defesa e outras autoridades militares para especificar os "mecanismos adequados". 

 Abdi disse esperar que os membros e comandantes das FDS que vão integrar as Forças Armadas sírias recebam bons cargos no Ministério da Defesa e no comando do exército. 

Ao longo de mais de uma década, as FDS adquiriram experiência militar ao liderar a luta contra o grupo Estado Islâmico(EI), que chegou a controlar grandes partes do Iraque e da Síria.

As FDS, com a ajuda da coligação liderada pelos EUA, erradicaram o EI em março de 2019 no leste da Síria. 

"Com base na sua experiência e longo serviço, [as FDS] conquistarão um lugar respeitável dentro do exército sírio" e a sua experiência "ajudará a fortalecer as Forças Armadas", disse o comandante curdo. 

A força policial no nordeste da Síria também se integrará nas forças de segurança do país, adiantou. 

Num clima de tensões crescentes, Damasco organizou eleições parlamentares no início deste mês, nas quaisnão participaram as áreas controladas pelas FDS.

Também no início deste mês, eclodiram confrontos entre forças de segurança e combatentes curdos em bairros da cidade de Alepo, no norte da Síria. 

Abdi afirmou que a implementação do acordo entre Damasco e as forças curdas poderá também ajudar a resolver muitos outros problemas no país, em recuperação após uma guerra civil de 14 anos que fez quase meio milhão de mortos. 

Na entrevista à AP, o comandante das FDS disse que os assasínios sectários cometidos por homens armados e forças de segurança pró-governamentais na região costeira da Síria em março e na província de Sweida (sul) em julho, geraram receios entre muitos residentes do nordeste do país, deixando-os hesitantes em implementar o acordo.  

Este "foi um dos motivos que contribuiu para o atraso na implementação do acordo de 10 de março", disse.  

"No entanto, acreditamos que, se houver progressos no acordo de março e todas as suas disposições forem implementadas na prática, seremos capazes de evitar a recorrência de tais eventos", adiantou. 

Abdi afirmou que as FDS defendem uma forma de governo descentralizada "com poderes distribuídos entre o centro e as províncias" dentro de um Estado unido e que a implementação do acordo de março significará que todas as instituições civis, económicas e militares do nordeste da Síria serão incorporadas no governo sediada em Damasco. 

Permanecem dúvidas sobre se a vizinha Turquia aceitará a incorporação das FDS no exército sírio como uma unidade coesa, em vez da sua dissolução. 

Aliada de Damasco, a Turquia partilha uma fronteira de mais de 900 quilómetros com o vizinho sírio e mantém tropas no norte do território há vários anos, em nome da luta contra combatentes curdos que considera terroristas. 

Entre 2016 e 2019, a Turquia lançou três ofensivas no norte da Síria contra as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), a espinha dorsal das FDS, e contra o grupo Estado Islâmico.

Leia Também: Bomba em autocarro da Defesa síria mata quatro e faz 13 feridos

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